
Henriques da Cunha / Global Imagens
Os produtores de pera rocha justificam a quebra com as alterações climáticas e um fungo que se manifesta na altura da colheita.
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A produção de pera rocha vai ter uma quebra inesperada de 20% devido a um fungo, disse, em Mafra, a associação representativa do setor, durante uma visita secretário de Estado da tutela a um pomar e uma central fruteira.
"As expectativas apontavam para um aumento de produção relativamente ao ano anterior. Infelizmente, este fungo, já muito em cima da colheita, fez com que haja uma quebra de 20% em relação ao ano passado", afirmou Aristides Sécio, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP).
O dirigente alertou para as consequências económicas e sociais que este facto pode ter para o setor em geral, que emprega cinco mil pessoas todo o ano, um número que chega aos 15 mil na altura da colheita.
Estas declarações foram feitas após uma visita a um pomar e à central fruteira da organização de produtores Frutoeste, no concelho de Mafra. Já depois dessa visita, e em declarações à TSF, o dirigente sublinhou que as contas ainda não estão fechadas mas a associação de produtores estima que os "prejuízos cheguem aos 100 milhões de euros".
O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, também esteve nesta visita e anunciou à Lusa que a tutela vai criar "um grupo de acompanhamento, que junta o Instituto Nacional de Investigação Agrária, a Direção Geral de Veterinária e Alimentação, o Centro Operacional e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, a Direção Regional de Agricultura e a ANP" para que estas entidades trabalhem em conjunto para encontrarem "uma solução para debelar este problema".
A campanha deste ano, de 2016/2017, cuja colheita termina dentro de duas semanas, não deverá ultrapassar as 100 mil toneladas, quando em 2015/2016 foi de 115 mil toneladas.
O setor da pera rocha pediu ainda a abertura de mais mercados para colmatar o problema do embargo russo aos produtos europeus.
Luís Vieira adiantou que foram já iniciados os processos técnicos necessários à abertura de mais doze mercados, entre os quais Perú, México, África do Sul, China, Índia e Indonésia aos produtos portugueses e a pera rocha será um dos primeiros a serem exportados.
A visita do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação foi promovida pela Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, pela Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutos e Hortícolas e pela ANP.
A ANP, que representa o setor, possui cinco mil produtores associados, com uma área de produção de 11 mil hectares.
Mais de metade da produção é exportada, tendo como principais mercados o Brasil (29.000), o Reino Unido (11.00), França (9.000), Marrocos (8.300) e Alemanha (4.300).
A pera rocha é produzida (99%) nos concelhos entre Mafra e Leiria, numa área de cultivo de 11 mil hectares, sendo os concelhos de maior produção os do Cadaval e Bombarral.
A pera rocha do Oeste possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia.