A associação de produtores de leite exige um aumento de quatro cêntimos nos preços para fazer face às consequências da seca. A ministra da Agricultura já respondeu a esta exigência.
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A ministra Assunção Esteves reconhece que a produção animal está a ser afectada pela seca, mas em declarações à Rádio Fundão, garantiu que o problema está a ser acompanhado com vista a obter fundos comunitários correspondentes.
«Neste momento ainda é possível, se chover nos próximos tempos, que os impactos sejam menores. Mas de toda a maneira estamos a identificar aquilo que poderá conduzir a uma declaração de seca, reconhecida pela UE, que nos possa levar a antecipar algumas ajudas nesta matéria», referiu.
«Sabemos que, neste momento, os mais afectados são as áreas da produção animal, mas é uma matéria que estamos a acompanhar com muito detalhe para que mal estejam reunidos todos os critérios que nos permitem pedir essas ajudas, eles sejam accionados», assegurou Assunção Cristas.
A resposta da ministra surgiu depois dos produtores de leite terem exigido o aumento do preço, alegando que a situação é já insustentável.
À TSF, Carlos Neves, da associação de produtores de leite, explicou que além das pastagens já estarem a faltar, a alternativa (ração) é cara.
«A alimentação dos animais representa 60 por cento dos custos da produção. Com a seca que estamos a viver, já temos menos pastagem, vamos ter menos ferragem na Primavera, já estamos também a ter um aumento do custo da ração e da palha. Portanto, se nós já estávamos em dificuldades, só é possível sobreviver se houver um aumento do preço ao produtor», defendeu.
Nesse sentido, Carlos Neves lembrou que o preço do leite nos últimos dois anos em Portugal tem ficado abaixo da médica europeia, agora os produtores nacionais reclamam ajudas a tempo e horas para evitar os atrasos crónicos.
«A experiência que nós temos é que prometem as ajudas na Primavera e recebemo-las no Inverno seguinte. A forma mais justa de ajudar, sem burocracias, é haver um aumento do preço ao produtor porque nós já estamos três/quatro cêntimos abaixo da média comunitária há dois anos, ou seja, perdemos o período de 'vacas gordas' em que podíamos ter acumulado algumas reservas para períodos de dificuldades», lembrou Carlos Neves.