Programas eleitorais do Chega e BE são os mais afastados das exigências da UE em matéria de energia
No caso do partido liderado por André Ventura, a questão diz respeito à aposta em energia nuclear e a utilização do carvão. Já os bloquistas assumem uma "posição muito maximalista" em que o auto-consumo é usado exclusivamente nos "telhados das casas e dos edifícios"
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A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) analisou as propostas dos diferentes partidos políticos com representação parlamentar em matéria de energia e concluiu que oito em dez estão em linha com as diretivas e regulamentos da União Europeia (UE).
Em declarações à TSF, o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, nota que o Chega e o Bloco de Esquerda são os partidos com os programas mais afastados das exigências da UE.
No caso do partido liderado por André Ventura, a questão diz respeito à aposta em energia nuclear e a utilização do carvão.
"Portugal continua estruturalmente dependente da importação de carvão, petróleo e gás natural. Esta dependência compromete a resiliência económica do país e fragiliza a sua posição estratégica. (...) Desta forma, é tempo de assumir uma posição clara e corajosa sobre a energia nuclear. Enquanto outros países da Europa avançam, recuam ou hesitam, Portugal permanece parado, sem uma visão estratégica. O Chega defende inequivocamente que Portugal deve adotar uma política favorável à energia nuclear", lê-se no programa eleitoral do partido de extrema-direita.
Já os bloquistas assumem uma "posição muito maximalista" em que o auto-consumo é usado exclusivamente nos "telhados das casas e dos edifícios". Embora Pedro Amaral Jorge reconheça que é uma solução "muito válida", afirma que não é possível substituir as centrais de produção de eletricidade e justifica o argumento.
"Tal como vimos no apagão, temos uma quantidade de serviços públicos que dependem da eletricidade e as coberturas seriam impossíveis em termos de quantidade de área disponível para suprir toda essa eletricidade", explica.
Os restantes partidos com representação parlamentar estava "em linha" com as metas do Plano Nacional de Energia e Clima e com os objetivos da comissão Europeia, bem com o desenho do mercado elétrico, com o Acordo de Energia Limpa e o Plano de Ação para Energia Acessível.
O Plano Nacional de Energia e Clima foi aprovado no Parlamento em dezembro e, por isso, o líder da APREN acredita que o próximo Governo vai dar continuidade a estas metas estabelecidas na legislatura anterior. Pedro Amaral Jorge dá também conta das necessidades do setor que visam ajudar no cumprimento da transição energética
"Precisamos de acelerar os licenciamentos, de modernizar a rede elétrica — quer de transporte, quer distribuição. Temos de simplificar a lógica que está afeta ao licenciamento com a questão do interesse público, prevalecendo as renováveis, derrogando outras necessidades que existem para que consigamos chegar às metas", apela.
O presidente da APREN defende igualmente que se o país não atingir as metas do Plano Nacional e Energia e Clima até 2030 "não é nenhum drama".
"Desde que tenhamos a noção de que o consumo elétrico aumenta e que estamos a suprir eletricidade aos preços mais baratos. Temos obviamente de ter aqui um cuidado acentuado com as comunidades locais relativamente aos benefícios e relativamente a como é que eles também fazem parte da transição justa para que se sintam enquadrados e beneficiados", ressalva.
Além destes desafios, Pedro Amaral Jorge diz que é preciso incentivar a contratação a prazo da eletricidade.