PS desafia PSD a viabilizar proposta socialista de aumento do valor das pensões
Em declarações à TSF, a presidente da Associação de Pensionistas e Reformados garante que, até que o valor das pensões suba para superar ou igualar o limiar de pobreza, os aumentos "nunca serão suficientes"
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O vice-presidente da bancada parlamentar do PS desafiou esta terça-feira o PSD a viabilizar a proposta dos socialistas para um aumento adicional de 1,25 pontos percentuais para as pensões até três Indexantes de Apoios Sociais (IAS). António Mendonça Mendes defende que se os sociais-democratas estão "comprometidos" com a subida do rendimento desta classe, então, "não têm nenhuma razão" para não viabilizarem a medida.
O PS propõe uma subida das pensões até 1500 euros de 1,25 pontos percentuais além da atualização prevista na lei, tratando-se de um aumento que será permanente. Em declarações à TSF, António Mendonça Mendes ironiza e afirma esperar uma luz verde por parte dos sociais-democratas.
"Estou convencido de que o PSD acabará por votar na proposta apresentada pelo PS. O PSD, se está comprometido com o aumento do rendimento dos pensionistas, não tem nenhuma razão para não votar a proposta do PS", aponta.
Esta proposta do PS, cuja votação está prevista para esta terça-feira, e a fórmula de atualização regular das pensões abrem caminho para que mais de 90% dos pensionistas veja a sua reforma ter um aumento acima da inflação prevista para o próximo ano e que é de 2,3%.
O socialista argumenta que a medida é "equilibrada do ponto de vista orçamental e responsável para com os pensionistas": "Garante aumentos permanentes entre 90 e 275 euros por ano."
O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Hugo Carneiro, recusa, ainda assim, abrir o jogo e diz que o sentido de voto vai ser decidido na manhã desta terça-feira, apesar de reconhecer que a proposta do PS não compromete, em si, as contas do Estado.
"Se me diz 'esta medida vai levar o país para défice?'. Não. Segundo estas contas, não vai levar o país para défice", admite à TSF. Hugo Carneiro alerta, contudo, que o país será "confrontado" no próximo ano com uma "dinâmica económica e mundial" que terá de "acompanhar de perto".
"E, por causa disso, seria prudente tomar uma decisão desta natureza só em 2025. É esse o nosso compromisso, tal como fizemos em 2024", destaca.
Já a presidente da Associação de Pensionistas e Reformados, Maria do Rosário Gama, vê com agrado a medida apresentada pelo PS, até porque, confessa, é sempre a favor de um aumento das pensões, ainda que lamente que seja pouco.
Para Maria do Rosário Gama, até que o valor das pensões suba para superar ou igualar o limiar de pobreza, os aumentos "nunca serão suficientes".
"O limiar de pobreza são 591 euros e, se ele está definido, é porque é necessário e porque não se pode viver com menos do que isso. Até que as pensões abaixo de 591 euros não subam mais um pouco, é sempre insuficiente. De qualquer modo, é bem-vindo", afirma.
A líder da associação apela, por isso, para que se vá mais "longe", porque é "preferível dar boas condições de vida às pessoas do que ter excedentes orçamentais".
"Uma associação de reformados não pode defender outra coisa que não o aumento de pensões. Tudo o que seja para poder promover a vida das pessoas é bom", justifica.
Segundo cálculos Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), o aumento adicional das pensões proposto pelo PS custa 273,8 milhões de euros, superando em 8,8 milhões de euros o valor estimado pelos socialistas.
Antes da proposta do PS, os deputados vão votar a medida apresentada pelo PCP, que propõe um aumento de 5%, com um mínimo de 70 euros para cada pensionista.