PS "estica a corda" e "negocia para a legislatura": as reações dos ministros à contraproposta de Pedro Nuno

Pedro Nuno Santos mostrou-se disponível para viabilizar o OE com duas condições
Tiago Petinga/Lusa
Os governantes apelaram ao PS para que dê um "sinal mínimo de cedência e de tolerância"
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O primeiro-ministro ainda não comentou a contraproposta apresentada esta sexta-feira à noite pelo líder do PS. Ainda assim, três ministros do Executivo de Luís Montenegro já criticaram as declarações de Pedro Nuno Santos para o Orçamento do Estado do próximo ano, a quem acusaram de "esticar demasiado a corda".
Esta sexta-feira, o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, mostrou-se disponível para viabilizar o OE, desde que haja uma reformulação dos benefícios às empresas com a descida do IRC e uma alteração numa alínea do IRS jovem.
Para o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a proposta do socialista é "inaceitável".
"Na questão do IRC, aquilo que o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, vai apresentar, parece-me de facto ser desajustado, quer dizer, não está dentro deste espírito", afirmou o governante, em declarações á SIC Notícias, antes de acusar o líder do PS de querer "não apenas influenciar o orçamento de 2025, mas influenciar os orçamentos de 26, 27 e 28".
"É uma coisa irónica, mas só há uma perspetiva que se pode tirar daí, é que, às tantas, o líder do PS já está a negociar para a legislatura", atirou.
Também o ministro da Coesão Interna, Manuel de Castro Almeida, demonstrou desagrado com a proposta dos socialistas e entende mesmo que o PS "esticou demasiado a corda".
"Nós já tínhamos feito um esforço muito grande de aproximação, fomos muito para lá de metade da ponte e o Partido Socialista quer esticar mais a corda e encostar as posições do Governo às posições do Partido Socialista. E, de facto, há aqui uma diferença muito grande. A nossa aposta é em baixar impostos, quer no IRS para os jovens, quer no IRC, e o Partido Socialista insiste na posição que não quer baixar os impostos, quer antes aumentar a despesa. É uma opção de política económica e uma opção de política totalmente diferente", sublinhou, em declarações ao canal Now.
O responsável pela pasta da Coesão Interna reconhece que o Governo "não tem maioria absoluta", mas defende que este se tem mostrado disponível para "negociar com o PS", destacando, contudo, que "negociar implica aproximar posições de ambas as partes".
Quem partilha da mesma opinião é o ministro das Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, pediu, em declarações à CNN Portugal, uma maior aproximação do PS, notando que o "Governo já cedeu uma montanha".
"Precisamos que haja de facto esta aproximação, porque quando estamos de boa-fé numa mesa de negociações, temos de sentir que há cedências de ambas as partes. Era importante que do outro lado da mesa houvesse um sinal mínimo de cedência e de tolerância", apelou.