
José Sena Goulão/Lusa
João Galamba diz que a ideia é "minimizar" o envolvimento de dinheiros públicos na solução defendida por António Costa. O PCP é contra. O Bloco de Esquerda admite negociar. O CDS quer explicações.
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No Fórum TSF, o deputado do PS sublinhou que, neste momento, não existe qualquer proposta em cima da mesa, mas faz questão de afirmar que um dos objetivos é "tentar evitar" a utilização do dinheiro dos contribuintes.
Ainda assim, o deputado do PS entende que, "quanto menos o Estado arriscar, menos radical é o processo de limpeza dos balanços dos bancos". Daí que seja necessário procurar um "equilíbrio" e encontrar a "solução mais adequada". O mais importante neste momento, diz Galamba, é "perceber que há um problema, que carece de uma solução".
Questionado sobre o possível "chumbo" do PCP e do Bloco de Esquerda, o deputado socialista mostra-se tranquilo, esperando que ambos os partidos, que suportam o governo, optem, antes de mais, por analisar a proposta concreta.
"Independentemente da posição que têm sobre a propriedade da banca, reconhecem ambos que uma banca sólida e funcional é essencial para o funcionamento de uma economia", acentua João Galamba, dizendo ainda que "é a partir daí que todas as conversas ocorrerão".
BE quer moeda de troca, PCP é contra
Mariana Mortágua reconhece a existência de um problema, sublinhando que, "se nada for feito, teremos uma banca "zombie", constantemente a necessitar da intervenção do Estado.
A deputada do Bloco de Esquerda sublinha que, antes de mais, é preciso tentar não onerar os contribuintes, mas, se isso tiver de acontecer, o Estado deve "tomar conta" da banca.
Mariana Mortágua volta a exigir o controlo público dos bancos, como o BE tem defendido: "se os contribuintes puserem dinheiro, então têm de ter a propriedade daquilo que salvam". Só assim se pode evitar que o seu "dinheiro esteja a ser gasto para entregar bancos a privados".
Do lado do PCP, a resposta é clara. Miguel Tiago considera "absolutamente inaceitável" que os contribuintes continuem a "limpar as asneiras dos banqueiros", dizendo que "a única solução é o controlo público da banca".
Por isso, o deputado comunista lembra o voto contra aos caminhos encontrados para o BES e para o Banif, afirmando que "não há nenhum motivo" para alterar essa posição.
CDS quer explicações de Costa
João Almeida é muito crítico da forma como o Primeiro-Ministro deu a conhecer a intenção do governo de criar uma espécie de "banco mau" para "limpar" os bancos portugueses.
O deputado do CDS entende que António Costa deveria ter dado mais detalhes, por isso, promete que o partido vai questionar o chefe do governo sobre o assunto. Isso poderá acontecer já no debate quinzenal, marcado para a próxima sexta-feira.
Antes disso, João Almeida faz questão de acentuar o "receio" de que volte a ser o contribuinte a pagar.
O deputado centrista considera que, no caso do Novo Banco, "o governo anterior optou por uma solução que foi pôr todo o setor financeiro a pagar o resgate, através do Fundo de Resolução". Um caminho que João Almeida considera muito diferente do escolhido para o Banif, já pelo governo do PS.
A TSF também convidou o PSD para participar no Fórum, mas os sociais-democratas não responderam ao convite.