As declarações do ministro das Finanças à CNBC colocam Portugal no radar e são prejudiciais para o país, acusa Luís Montenegro, na abertura das Jornadas Parlamentares do PSD, em Coimbra.
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Luís Montenegro diz que era exigido do Governo uma palavra de tranquilidade e de confiança. Em vez de tentar evitar um segundo resgato financeiro, o PSD esperava ouvir o ministro com a certeza de que o vai evitar.
"Nós sabemos que ele tem uma certa tendência para a piromania política. Veja-se o que ele fez sobre a Caixa Geral de Depósitos. Era todas as semanas a adensar e a avolumar as dúvidas e as incertezas, o mesmo é dizer, o sistema financeiro", acusa Luís Montenegro.
E ainda sobre as declarações do ministro Mário Centeno, o PSD esperava uma atitude contrária por parte do governo. "É devido ao governo e ao primeiro-ministro uma palavra de tranquilidade sobre este assunto. É demasiado sério. Coloca Portugal num radar e numa vulnerabilidade que é prejudicial à vida das pessoas e das empresas portuguesas".
Para o PSD, o ministro das Finanças é perito em lançar a confusão. E o assunto "resgate financeiro" é apenas mais um. "Deus nos livre. Não sei se o ministro confia que vai livrar o país, mas aquele que devia ser o portador da mensagem de confiança e de convicção. Um ministro das finanças não diz que está a tentar evitar, evita".
E para o líder parlamentar do PSD, o governo nem se pode queixar: tem tido a cooperação da União Europeia, do Presidente da República e da Assembleia da República.
Em relação ao orçamento de Estado, o PSD desafia o governo a apresentar o documento antes da data oficial de 15 de outubro. "É caso para dizer que estamos atentos. Podem perguntar-nos muitas vezes, mas o que o país precisa saber é qual é a proposta do orçamento do Estado, mas já que estão tão entusiasmados podem apresentar antes do tempo que não há problema nenhum".
Luís Montenegro afirma que o PSD continuará a apresentar iniciativas legislativas. "Vamos fazer isso. Não nos vamos desviar da responsabilidade de fiscalizar a ação do verbo. Mas, vamos apresentar as nossas propostas e fortalecer a nossa alternativa, mas sem ilusões. Muito dificilmente as nossas propostas serão viabilizadas pelo governo e pelos partidos que os apoiam", sublinha.
O défice foi também tema da abertura das jornadas do PSD. Montenegro, ironicamente, afirma que "tudo se resolve no país se o défice estiver acima dos 3%", frisando que os partidos de esquerda "vivem para o défice".