PSD aguarda resposta da UTAO sobre impacto do aumento extra de pensões. Economista diz que excedente não passa de "ficção"
Um dos argumentos da oposição para pedir este aumento extraordinário das pensões é o excedente da Segurança Social, mas, ouvido pela TSF, o economista Jorge Bravo discorda e assegura que haverá grandes riscos se o Governo ceder
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O PSD pediu, na segunda-feira, à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) que avalie o impacto no Orçamento do Estado das propostas do PS e do Chega para um aumento extraordinário das pensões em 2025.
Em declarações à TSF, o deputado do PSD Hugo Carneiro explica que a UTAO terá de responder a este pedido nos próximos dias.
Além da atualização anual prevista na lei, o PS quer aumentar as pensões mais baixas - até pouco acima dos 1500 euros - em 1,25 pontos percentuais, no próximo ano. Já o Chega quer um aumento de 1,5% para os pensionistas que recebam até 1018 euros.
Contudo, o Governo manifestou algumas reservas em avançar com qualquer aumento extraordinário. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, admitiu apenas repetir, em 2025, o bónus dado este ano aos pensionistas em outubro, mas apenas se a situação orçamental do país assim o permitir.
Um dos argumentos da oposição para pedir este aumento é o excedente da Segurança Social de mais de quatro mil milhões de euros em 2023.
Jorge Bravo, professor de economia e finanças do ISEG, tem estudado o sistema de pensões e considera, em declarações à TSF, que há razões para o Governo não querer avançar com esta subida do valor das pensões e explica que o excedente da Segurança Social não passa de "ficção".
Por seu lado, o PS afirma que a proposta de aumento extraordinário tem um impacto de 265 milhões de euros e que o Orçamento para 2025 tem margem suficiente para suportar aquele valor. Jorge Bravo discorda e considera que há grandes riscos para os portugueses se o Executivo ceder.
"Esta proposta não vai ser financiada pelo esforço contributivo que estes trabalhadores fizeram ao longo da vida. Não vai ser financiada por pseudo-excedentes que o sistema tem, porque não tem. Vai ser financiada por mais impostos do conjunto da comunidade portuguesa. Ou não havendo impostos, pela emissão de dívida pública, que vai ser paga por gerações futuras e aí há um problema de equidade geracional", reforça.
