Maria Luís Albuquerque diz que o executivo demonstra "falta de vontade" para corrigir a trajetória económica do país e teme consequências "gravosas" para os portugueses.
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"Aquilo que ouvimos dizer hoje é que pode haver uma necessidade de rever o cenário macroeconómico, mas, ao colocar essa eventual possibilidade junto ao final do ano, a conclusão que temos de tirar é a de que o défice é o que for, porque, por essa altura, já será tarde para corrigir eventuais desvios que se possam verificar", disse a ex-ministra das Finanças.
Maria Luís Albuquerque reagia, no parlamento, às declarações de Mário Centeno que, em entrevista ao Público, admitiu que, em outubro, quando apresentar o Orçamento do Estado para 2017, o Executivo liderado por António Costa pode proceder a uma revisão das previsões de crescimento para 2016.
Para a vice-presidente do PSD, as palavras do atual ministro das Finanças são a prova de que há um "primeiro reconhecimento", por parte do Governo, de que os riscos "se estão a materializar", afirmando, no entanto, que há uma "aparente falta de vontade para fazer qualquer correção".
"Nós apelamos à responsabilidade do Governo para corrigir o que tem de ser corrigido, em tempo útil, para evitar que haja consequências mais gravosas para os portugueses", acrescentou.
Perante os jornalistas, a ex-ministra das Finanças acusou ainda o Governo, e em particular Mário Centeno, de se desculpar com acontecimentos externos como a saída do Reino Unido da União Europeia.
"O calendário político deste ano era conhecido há já muito tempo. Sabia-se que alguns destes riscos se podiam materializar, e quando confrontado com estas perguntas, o ministro das Finanças sistematicamente repetia que tinha margens [orçamentais]", afirmou.