O défice está a aumentar e já em outubro aproximou-se do limite definido pela troika para este ano. O PSD garante que a meta vai ser cumprida com a privatização da ANA, a oposição desconfia.
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O relatório de execução orçamental publicado, esta tarde, pela Direção-geral do Orçamento revela que, a receita fiscal caiu 4,2% na comparação com o período homólogo, e que o défice das contas públicas está quase a atingir o limite imposto pela troika para todo o ano.
Contas feitas, o défice está acima dos 8100 milhões, mas até ao final do ano este saldo pode ainda beneficiar do encaixe da concessão da ANA.
Se assim acontecer, o défice vai ser cumprido, garantiu o deputado do PSD, Duarte Pacheco.
«A concessão da ANA é uma receita que ao entrar vai permitir cumprir o défice de 5% e não de 4,5%, inicialmente previsto. É necessário que as pessoas tenham esta consciência: primeiro, as metas, foram revistas no âmbito da quinta avaliação; segundo, o Governo assumiu que ia contar para alcançar esse valor com receitas extraordinárias, nomeadamente a concessão da ANA», defendeu.
«Portanto, não podemos fazer as contas sem estes dois pressupostos, que são muito importantes para alcançarmos as metas», frisou o social-democrata.
Opinião diferente tem o bloquista Pedro Filipe Soares.
«Porque é que tivemos num só mês um pulo de dois mil milhões de euros? Essa é a resposta necessária para percebermos o que acontecerá em novembro e em outubro porque nesses meses tivermos um novo pulo de dois milhões de euros do défice, não há aqui qualquer salvação com a concessão da ANA, que todos nós sabemos que ainda não está aceite pela Comissão Europeia», referiu.
Pela voz do PS, José Junqueiro também não acredita na consolidação das contas.
«O PSD e o ministro das Finanças são capazes de dizer tudo e o seu contrário, daqui a uns dias vão dizer que não conseguiram atingir o défice dos 5%, e aquilo que é mais grave é que estão à espera de um encaixe financeiro, que vai apenas fintar os números do défice mas não contribuiu com um cêntimo para diminuir a dívida portuguesa», contestou.
«Ou seja, não há nenhuma consolidação estrutural, há apenas um disfarce conjuntural, rematou o socialista.
No mesmo sentido, José Lourenço, do PCP, desconfia que o valor do défice vai ser ultrapassado no final do ano.
«Muito provavelmente o défice que aparece no relatório do Orçamento do Estado para 2013 será ultrapassada porque a própria estimativa para este ano de evolução das receitas ficais (...) já está ultrapassada», afirmou José Lourenço.
O CDS não reagiu aos número da execução orçamental.