A recessão grega deverá manter-se em 2012, com a economia a contrair 2,5 por cento no próximo ano, estando a recuperação só prevista para 2013, disse hoje Bob Traa, representante permanente do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Atenas.
Corpo do artigo
«Não é um segredo que o programa de resgate à Grécia vive um momento difícil, a queda do produto interno bruto em 2011 deverá fixar-se nos 5,5 por cento, antes de atingir uma quebra média de 2,5 por cento em 2012 (...) a recuperação só regressa em 2013», afirmou Traa, num colóquio da revista britânica The Economist, que decorreu perto de Atenas.
O representante do FMI falava numa mesa de redonda onde participaram também os ministros gregos das Finanças, Evangélos Vénizélos, e do Desenvolvimento, Michalis Chryssohoïdes, bem como líderes empresariais gregos.
O representante do fundo também alertou Atenas de que terá de introduzir mais medidas de austeridade para receber a sexta 'tranche', de oito mil milhões de euros, da ajuda de resgate.
«Serão necessárias medidas adicionais para reduzir o défice», referiu Bob Traa.
Evangélos Vénizélos admitiu, no encontro, que a próxima semana será «muito difícil» para a zona euro e para a Grécia, uma vez que os mercados esperam pela resolução do impasse na atribuição da ajuda a Atenas, que já disse que só tem dinheiro até outubro.
O ministro das Finanças considerou que a prioridade «face ao objetivo orçamental para 2011» implica medidas corretivas de 1,8 mil milhões de euros, o que deverá permitir ao Estado grego «atingir um excedente orçamental primário em 2012», acrescentou Vénizélos, que admitiu ter «pessoal excedentário» na função pública.
Para alcançar o equilíbrio das contas públicas «será necessário tomar agora decisões históricas e, se não as tomamos, teremos obrigatoriamente de as tomar em breve, em condições incontroláveis e dolorosas», disse ainda o ministro, referindo-se à possibilidade de incumprimento grego.
O representante do FMI defendeu também uma reforma do sistema fiscal grego, e alertou Atenas contra o contínuo aumento de impostos.
Michalis Chryssohoïdes, por seu lado, comprometeu-se a adotar, junto com o FMI e com a União Europeia, medidas para aumentar a competitividade das empresas gregas, que considerou ser um dos principais problemas do país.
«Nos próximos dias, vamos anunciar um ambicioso plano que visa retirar entraves aos empresários (...) É necessário passar de uma economia de Estado e de importações para uma economia competitiva», sublinhou Chryssohoïdes.