O presidente da EDP avisa que as alterações no mercado da electricidade, resultantes das negociações com a "troika", podem aumentar o preço final da electricidade para os consumidores.
Corpo do artigo
A redução dos contratos de valor garantido para os produtores eléctricos, prevista no plano da ajuda externa, «pode levar, a prazo, a um custo superior para o consumidor final», alertou o presidente da EDP.
António Mexia disse que a redução destes contratos (chamados os CAE), não representa quaisquer reduções nos gastos do Estado e sublinhou que a EDP não abrirá mão do valor destes contratos.
«A EDP não abdica, não pode abdicar, daquilo que é o valor do contrato e este não é de ontem. É para ser olhado ao longo de todo o seu período de vida», disse Mexia na conferência de imprensa de apresentação de resultados trimestrais da empresa
O mesmo responsável disse que os CAE «contribuem para a estabilidade do sistema», o que se tornará «cada vez mais importante à medida que no futuro aumentem os preços dos combustíveis».
A empresa, repetiu Mexia, «não abdicará do valor de um contrato que foi assinado livremente pelas partes», mas admite «ver o que está em causa em futuras alterações dos mesmos, sempre sem abdicar do valor».
Todas as tarifas reguladas para a electricidade e o gás natural serão gradualmente extintas até Janeiro de 2013, o mais tardar, e o Estado deverá «limitar» os custos associados à aposta nas renováveis, indica o memorando de acordo entre o Governo e a "troika".
O acordo especifica que no decorrer deste processo terá de ser aprofundado o «calendário e os critérios para a liberalização dos segmentos ainda regulados, como por exemplo as pré-condições no que diz respeito à concorrência no respectivo mercado».
Por outro lado, devem ser especificados «os métodos através dos quais será assegurado que durante o período gradual de extinção não haverá uma divergência significativa entre os preços no mercado e na tarifa e que não haverá subsidiação cruzada entre segmentos de consumidores».
O presidente da EDP declarou ainda que espera que a medida de privatizar a totalidade da empresa até ao final do ano seja feita de uma forma «que permita à companhia controlar o seu destino».
Segundo o acordo entre o Governo e a "troika", a EDP é uma das companhias em que o Estado pensa vender toda a sua participação (neste caso 25 por cento).