Rendas excessivas ou roubo é a mesma coisa. Quem o diz é antigo ministro da Energia
O antigo ministro da economia do Governo de Passos Coelho, Álvaro Santos Pereira apresenta-se como o primeiro governante em Portugal a lutar contra os interesses das companhias energéticas.
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Ouvido esta quinta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito às rendas excessivas o ministro com a tutela da energia revela que no pacote de cortes que avançou no seu mandato só faltou mesmo a entrada em vigor da contribuição extraordinária para o setor energético (CESE), que entrou em vigor já com o ministro Jorge Moreira da Silva e já depois da privatização da EDP.
Numa espécie de balanço e contas o antigo governante mostra-se satisfeito com os resultados obtidos.
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Álvaro Santos Pereira fez as contas à totalidade das parcelas das rendas que foram cortadas durante o tempo que esteve no governo e chegou a uma conclusão: "Um total de cortes na rendas excessivas superior a 2100 milhões de euros. Isto é, praticamente o valor que iríamos com a contribuição especial até 2020."
Para fazer os produtores aceitar estes cortes nas rendas o antigo ministro da economia diz que usou a troika. "Falei privadamente com os representante da troika e disse-lhes que nós estávamos prontos para avançar com mais medidas para cortar rendas excessivas mas precisávamos do apoio deles para o fazer."
Depois desta conversa foi ter com os produtores e usou este argumento da "ameaça" da troika.
"Nos bastidores utilizámos muitas vezes a troika para podermos dizer: se os senhores não aceitam estes cortes provavelmente vai haver uma antecipação o que vai fazer com que os cortes ainda sejam mais duros", confessa.
Álvaro Santos Pereira foi ainda confrontado com as palavras do seu secretário de Estado Artur Trindade que prefere falar em excesso de custos do que em rendas excessivas. Mas para o antigo ministro esta é apenas uma questão de palavras: "Pode chamá-las rendas excessivas, pode chamá-las sobrecustos, pode chamá-las privilégios, pode chamá-las roubo! Pode chamar por outros nomes mas é a mesma coisa."
A indignação de Álvaro Santos Pereira que fala em compadrio entre os privados e o Estado no setor da energia mas depois confrontado pelos deputados não concretiza as acusações.