Retidos nas estradas, transportadores também admitem protestos como os dos agricultores
Foi na A6 que os motoristas internacionais sentiram mais dificuldades e uma empresa teve "pelo menos 12 veículos" retidos durante a manhã, conta a ANTRAM à TSF.
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Os protestos dos agricultores nas estradas portugueses já levaram ao corte de várias vias e estão a dificultar o trabalho dos transportadores de mercadorias, que ainda assim encontram pontos de contacto com as reivindicações levadas às ruas.
O porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), André Matias de Almeida, aponta na TSF que, “a páginas tantas, qualquer dia teremos estas empresas de transporte em protestos provavelmente inorgânicos também a manifestar-se" porque “a verdade é que os fundamentos que norteiam os protestos” são comuns a estas empresas.
“A concorrência que é feita a partir do Leste da Europa, e os preços que são pagos a alguns motoristas de outros países, obviamente não se coadunam com aquilo que é a contratação coletiva em Portugal, que só este ano está indexada à subida do salário mínimo nacional e tivemos incremento de 8%”, identificou o porta-voz.
As dificuldades sentidas esta quinta-feira pelos transportadores, sobretudo pelos internacionais, prendem-se com a fronteira Portugal-Espanha, "nomeadamente a A6 que tem muitos constrangimentos”.
Há casos de empresas com “pelo menos 12 veículos retidos durante a manhã” e que não conseguiram atravessar a fronteira para continuar o transporte.
"Isso obviamente traz alguns constrangimentos e, a esses constrangimentos, somamos aquilo que se está a viver em França e que, em perspetiva, se vai viver também na Alemanha”, avisa.
A maioria dos sindicatos agrícolas franceses já apelou à suspensão dos bloqueios das estradas no país, noticiou a agência francesa AFP.
"O movimento não para, transforma-se", declarou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau, em conferência de imprensa. Ainda assim, avisou que haverá novas mobilizações se os anúncios feitos pelo primeiro-ministro, Gabriel Attal, não forem concretizados no prazo de 15 dias e se não entrarem em vigor em junho.
Em Portugal, os agricultores estão na rua com os seus tratores, de norte a sul, para reclamar a valorização do setor e condições justas, num protesto que está a bloquear várias estradas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.
O movimento, que se apresenta como espontâneo e apartidário, garantiu que os agricultores portugueses estão preparados para "se defenderem do ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural".