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O aumento de meia hora no horário de trabalho diário mereceu o repúdio da UGT e da CGTP, que dizem tratar-se de uma medida que estimula o desemprego. O Governo diz que favorece a competitividade.
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«Está em causa a destruição do horário de trabalho, não há memória deste tipo de medida em toda a União Europeia e merece o nosso repúdio tota», disse o secretário-geral da UGT, João Proença, no final da reunião de concertação social, que durou mais de quatro horas.
João Proença argumentou que «o Governo não pode continuar a brincar com a concertação social» e condenou no facto de esta aumento de meia hora no horário de trabalho diário, que chega às 2:30 por semana, «não constar do memorando da 'troika' e nada tem a ver com o banco de horas em vigor».
Já a posição da CGTP, em linha com a defendida pela UGT, rejeita a proposta do aumento do horário de trabalho em meia hora por dia, dizendo tratar-se de «uma farsa com propostas lesivas para o trabalhador».
Segundo o membro da comissão executiva da Intersindical, Arménio Carlos, «o aumento do horário de trabalho promove o desemprego e rouba um salário por ano aos trabalhadores portugueses».
Trata-se, acrescentou Arménio Carlos, de «uma proposta irracional que o Governo visa cavalgar para aumentar a exploração num país em que dois milhões e 700 mil trabalhadores ganham um salário equivalente a 900 euros por mês».
Por seu turno, a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) disse que a proposta do Governo não desagrada «mas podia ser alterada».
Para a CCP, a solução poderia passar por «dez dias a mais por ano, jogando com três dias de férias e quatro feriados», em substituição do aumento do horário de trabalho semanal.
«Seria uma medida muito mais universal, na medida em que esta alteração só interessa aos sectores de mão de obra intensiva», argumentou Vieira Lopes.
Apesar da contestação dos sindicatos, expressa no final do encontro, o ministro da Economia afirmou aos jornalistas que as confederações acolheram com interesse a proposta do Executivo, contrariando assim o mal-estar do encontro desta manhã.
Álvaro Santos Pereira garantiu que a preocupação do Governo se prende com «a competitividade das empresas e da economia» numa altura de dificuldades financeiras.
O governante lançou ainda um apelo aos parceiros sociais para que se deixem de «guerrinha» e enveredem pelo diálogo.