O ministro da Agricultura anunciou um "acordo" para tornar mais visível nos rótulos a origem da carne de porco portuguesa. O governo admite que os produtores nacionais estão a ser pagos a um preço inferior à média de referência.
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Após várias queixas e ações de protesto dos suinicultores, o ministro da agricultura anunciou hoje a existência de um "consenso" entre os agentes económicos no sentido de dar mais visibilidade à identificação da origem da carne, "designadamente através da aposição da bandeira nacional" na carne embalada ou cortada em fresco.
A posição foi manifestada após uma reunião em Lisboa que pretendeu "aprofundar e fomentar o diálogo" entre as diversas partes envolvidas na cadeia de valor: produção, indústria e distribuição.
Após o encontro o ministro Capoulas Santos reconheceu que existe "uma pressão da oferta que tem vindo a pressionar os preços em baixa o que torna a vida muito difícil para os produtores".
Segundo o ministro, no imediato, o mais importante "é procurar que os preços permitam suavizar os prejuízos dos produtores", sendo necessário também "encontrar soluções de futuro com a abertura de novos mercados".
Uma das reivindicações da produção é precisamente que a carne seja adquirida de acordo com os preços de referência praticados na bolsa do porco para a Península Ibérica, a bolsa de Lérida.
"Os preços pagos aos produtores portugueses estão um pouco abaixo desse valor e é importante que esse nível de preços seja conseguido", admitiu o governante.
O preço médio praticado na bolsa de Lérida anda na ordem dos 1,25 euros, mas em Portugal os produtores estão a receber apenas 1,05 euros por quilo de carne de porco.
Capoulas Santos considerou, no entanto, "que há uma grande vontade para encontrar soluções", mostrando confiança nas negociações bilaterais entre distribuição e indústria, que deverão continuar após a reunião de hoje.
O ministro relembrou ainda que o problema, que está a penalizar não só os produtores nacionais como também os europeus, tem a ver com o excesso de oferta, já que parte da produção que era canalizada para o exterior deixou de o ser, devido ao embargo russo e à crise económica em países como Angola ou a Venezuela.