"Como a ANAC diz que a culpa foi nossa, vamos tentar ser ressarcidos pela Galp", disse o diretor executivo da Ryanair, sobre a falha de combustível que aconteceu há nove meses.
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A Ryanair anunciou, esta quarta-feira, que vai exigir uma indemnização à Galp devido às perturbações pela falha no abastecimento de combustível no aeroporto de Lisboa, após o regulador de aviação ter obrigado as companhias aéreas a compensar os passageiros.
"Nós não concordamos com a decisão porque é claro que, se houve uma interrupção no abastecimento de combustível, terá de ser uma circunstância especial e não pode ser uma responsabilidade das companhias", afirmou o diretor executivo da Ryanair, Michael O'Leary.
A Ryanair vai pedir uma indemnização à Galp: "Vamos tentar ser ressarcidos pela Galp porque a Galp admitiu que foi uma medida de força maior e não foi culpa nossa".
Questionado pela Lusa, o responsável disse que, em causa, está um "montante baixo".
"Ao todo, temos reclamações de 400 a 500 passageiros e, por isso, não é uma quantia muito elevada de dinheiro, mas que deve ser paga pela Galp", referiu, sem especificar números.
Há duas semanas, a ANAC divulgou que as companhias aéreas vão ter de indemnizar os passageiros devido às perturbações causadas pela falha no abastecimento de combustível no aeroporto de Lisboa em maio de 2017.
A entidade justificou a decisão com o regulamento do Parlamento e Conselho Europeu, que determina a existência de indemnizações em casos que não se inserem no conceito de circunstância extraordinária.
Ainda assim, a ANAC referiu também este regulamento para assinalar que a obrigação de pagar indemnizações aos passageiros não proíbe as próprias companhias de pedirem para ser ressarcidas destes montantes ao Grupo Operacional de Combustíveis (GOC), estrutura que gere o sistema de abastecimento de combustível no aeroporto de Lisboa e que é composta pelas principais petrolíferas, sendo liderada pela Petrogal.
O regulamento indica que, "se a transportadora aérea operadora tiver pago uma indemnização ou tiver cumprido outras obrigações que, por força do presente regulamento lhe incumbam, nenhuma disposição do presente regulamento pode ser interpretada como limitando o seu direito de exigir indemnização, incluindo a terceiros".
Na semana passada, a TAP também anunciou que iria pagar as indemnizações aos passageiros, determinadas pelo regulador e exigir uma compensação à Galp.
A falha no sistema de abastecimento de combustível ocorrida a 10 de maio no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, afetou 41.681 pessoas, levou ao cancelamento de 98 voos, 363 descolaram com atraso e 12 tiveram de divergir para outros locais.