“Isso traz um nível maior de tranquilidade, porque esta organização, se de um momento para o outro for chamada a acudir a uma situação específica, tem de ter capacidade financeira para o fazer”, aponta o provedor
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O saldo financeiro disponível da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ultrapassa atualmente os 80 milhões de euros, revelou o provedor da instituição, que mantém o objetivo de ultrapassar os 100 milhões de euros até 2027.
Em entrevista à agência Lusa, por ocasião da apresentação pública do Relatório de Gestão e Contas (RGC) de 2024, Paulo Sousa revelou que a instituição conseguiu em 2025 alcançar uma disponibilidade financeira que “ultrapassa já os 80 milhões de euros”.
“Isso traz um nível maior de tranquilidade, porque esta organização (…), se de um momento para o outro for chamada a acudir a uma situação específica, tem de ter capacidade financeira para o fazer”, apontou o provedor.
Os dados do RGC 2024 revelam que o saldo de gerência passou de 14 milhões de euros em 2023 para 69 milhões de euros em 2024, estando agora acima dos 80 milhões de euros.
Relativamente ao aumento verificado entre os anos de 2023 e 2024, Paulo Sousa explicou que para 2023 não foi considerado um apoio extraordinário da Segurança Social, no valor de cerca de 34 milhões de euros.
“Entendemos que a atividade deve ser feita com aquilo que são os aspetos recorrentes, normais, e como esse foi um aspeto extraordinário e até visava compensar atividade desenvolvida em anos anteriores, nomeadamente durante a Covid, não faria sentido para nós alocá-lo a um ano específico”, explicou.
Acrescentou que o objetivo do plano de reestruturação continua a ser “tentar, tão breve quanto possível, ultrapassar os 100 milhões de euros”.
“Porque entendemos ser a almofada financeira mínima para fazer face aos desafios a que possamos estar sujeitos e é bom que todos tenhamos consciência de que há uns anos as disponibilidades da Santa Casa eram superiores a 240 milhões de euros”, apontou Paulo Sousa.
De acordo com o provedor, houve um conjunto de fatores, quer planos de investimento, quer o período da Covid-19, que “diminuíram em muito” a capacidade da instituição, o que demonstra que é “saudável” para uma instituição como a Santa Casa “ter reservas de liquidez que permitam atuar quando é chamada a fazê-lo”.
Paulo Sousa garantiu que o aumento do valor desta almofada financeira não está a ser feito pondo em causa projetos sociais e explicou que foram aprovados um regulamento e um programa de investimento e desinvestimento que pressupõe que 50% das verbas provenientes do desinvestimento sejam destinadas a reforçar o saldo de gerência, enquanto ele não atingir os 100 milhões de euros.
“Imagine que alienámos uma participação financeira, numa área não crítica, recebemos três milhões de euros pela alienação dessa participação. De imediato, um milhão e meio é afeto ao reforço da posição de tesouraria”, exemplificou.
Acrescentou que, para o valor remanescente, há “uma matriz perfeitamente equilibrada, de afetação do valor, a obras na área do imobiliário, reforço na ação social ou reforço na saúde”.