Na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano, o banco espanhol admitiu olhar para o dossier caso o processo de venda volte a abrir. O administrador-executivo do Grupo Santander considerou ainda não ver "qualquer risco na situação política em Portugal".
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O administrador-executivo do Grupo Santander admitiu esta quinta-feira estudar uma proposta para o Novo Banco, caso o processo de venda volte a estar em cima da mesa.
"Novo Banco? Não sabemos, não há processo neste momento. No momento próprio participamos no processo e na última ronda decidimos não fazer uma oferta. Se o processo voltar a abrir, então olharemos para ele. A ver se num novo processo do Novo Banco, pode funcionar ou não [para o Santander]", disse José António Alvaréz, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do grupo bancário espanhol.
Questionado sobre se o Santander - que em Portugal detém o Santander Totta - admite reforçar ou reduzir a operação no país, o responsável recordou que o banco espanhol está "muito contente com a operação de Portugal", onde tem "ganho quota".
"Estamos a ganhar quota em Portugal e estamos muito contentes com a nossa franquícia em Portugal. De facto, é o único banco - o único banco significativo - que está a ganhar dinheiro no mercado doméstico em Portugal e estamos a ganhar quota e interessados em ganhar quota de forma orgânica", explicou o administrador-executivo.
Portugal foi uma das geografias do grupo que mais cresceu percentualmente em lucros nos primeiros nove meses do ano, "ajudada pela normalização do risco" no país.
"Em Portugal temos um banco [Santander Totta] que é o melhor do sistema, a ganhar quota de mercado. Estamos a produzir muito mais do que a quota de crescimento inscrita no nosso balanço. Estamos a crescer em empresas e em particulares", disse no decorrer da mesma conferência de imprensa o administrador financeiro do grupo espanhol, José García Cantera.
Quantos aos lucros no mercado português, "cresceram 60%, ajudados também pela normalização do risco em Portugal", explicou.
O Grupo Santander anunciou ter obtido lucros de 5,106 mil milhões de euros de janeiro a setembro deste ano, um crescimento de 17% face ao mesmo período do ano passado.
Grupo não vê "qualquer risco na situação política em Portugal"
Relativamente à situação política em Portugal, José Antonio Álvarez rejeitou a possibilidade de riscos para o banco devido à incerteza política em Portugal, onde um acordo de esquerda pode "chumbar" o Governo da coligação PSD-CDS.
"Os dois principais partidos em Portugal, até onde percebo, são dois partidos comprometidos com todo o contexto da União Europeia e com todos os compromissos de Portugal. Há uma natural incerteza depois das eleições, mas creio que as linhas estão bem fixadas", disse José Antonio Álvarez.
"Os dois partidos que podem liderar o governo - independentemente de poderem ter parceiros de coligação de menor peso - têm compromissos claros e definidos, no quadro do que temos vindo a trabalhar", disse o responsável do grupo espanhol.
"Por isso, não penso que possamos vir a ter qualquer tipo de risco", acrescentou José Antonio Álvarez.