O líder do PS lamentou hoje que os representantes da troika não tenham dado sinais de abertura face às propostas de flexibilização no cumprimento das metas do acordo de ajuda externa e de suavização da austeridade.
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«O PS considera que, infelizmente, não [houve abertura face às suas propostas]», declarou António José Seguro no final de uma reunião que durou 80 minutos com os representantes da troika, que decorreu na sede nacional do PS.
No entanto, de acordo com o líder socialista, a reunião «foi de tal maneira impressiva que os representantes da troika, por certo, foram refletir sobre os exemplos, os argumentos e a fundamentação das propostas apresentadas pelo PS».
Neste contexto, António José Seguro referiu que o PS apresentou aos representantes da troika um documento extenso com as suas propostas por escrito.
«Dissemos à troika de uma forma muito clara que os portugueses já não aguentam mais sacrifícios. Consideramos mesmo chocante quando ouvimos o Governo ou a troika dizerem que Portugal está no bom caminho. Não é aceitável que Portugal continue neste caminho com os níveis de desemprego, de falências e de insolvência das famílias portuguesas», sustentou o secretário-geral do PS.
Durante a reunião, Seguro adiantou aos jornalistas que aconselhou os representantes da troika a serem «coerentes com as decisões que tomam, porque representam a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional».
«Estas três instituições participaram na semana passada na reunião do G8 e a primeira conclusão dessa reunião é que a saída para a crise tem de passar pela dinamização da economia e por mais emprego. Pois bem, passem das palavras aos atos e façam um ajustamento para que os sacrifícios pedidos aos portugueses possam ser mais suaves», defendeu António José Seguro.
De acordo com Seguro, entre o PS e a troika, «dos pontos de vista da estratégia e da receita, há uma divergência profunda, o que já tinha ficado claro nas últimas duas reuniões, mas que hoje se acentuou».
«O PS chamou a atenção que foi um erro e que é necessário corrigir o aumento do IVA na restauração, que a Caixa Geral de Depósitos (um banco público) deve ter recursos para injetar na economia e que as empresas devem ter mais facilidade de acesso ao financiamento. Dissemos que é incompreensível que, num momento em que o investimento cai de forma abrupta, os fundos comunitários continuem congelados por decisão deste Governo», acrescentou o secretário-geral do PS.