
António Borges
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O director do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional alerta, num artigo publicado na Exame, que Portugal tem de crescer para não seguir o caminho da Grécia.
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A revista Exame publica esta quinta-feira um artigo do director do Departamento Europeu do FMI, António Borges, sobre a situação económica e financeira de Portugal.
António Borges analisa e compara as aplicações dos programas de ajuste em Portugal, na Irlanda e na Grécia e conclui que não há outro caminho senão o do crescimento económico.
O director do Departamento Europeu do FMI avisa que há um bom exemplo, o irlandês, que assim que avançou com a austeridade lançou um programa ambicioso de crescimento económico.
Mas há também um mau exemplo, o grego, que também avançou com os cortes da "troika" mas como não cresce, não tem músculo para suportar as medidas duras do acordo e acabou por entrar num ciclo vicioso de cortes, que levam à quebra do PIB e a mais cortes.
Por isso, se Portugal não seguir o caminho da Grécia, tem de crescer, e nas circunstâncias actuais, só há um caminho: o do incentivo às exportações através da desvalorização fiscal, ou seja, a redução da Taxa Social Única acompanhada de aumento do IVA.
Segundo António Borges, o país não pode regressar a um modelo de apoio às actividades não exportadoras porque foi a manutenção desse modelo, quando todo o mundo evoluía, que colocou os portugueses nesta situação.
O director do Departamento Europeu do FMI considera ainda que o objectivo traçado pelo regulador para os bancos portugueses, que terão de reduzir de forma drástica a proporção de euros emprestados por cada euro recebido em depósito, é «irrealista».
Para António Borges, esta medida tem a consequência dramática de apertar a concessão de crédito à economia.