"Sensação de saturação." Manifesto convoca buzinão em Lisboa para quarta-feira contra "turismo descontrolado"
O produtor cultural Sérgio Machado Letria aponta, em declarações à TSF, que este manifesto "não é contra os turistas", mas antes contra a transformação de uma "cidade hospitaleira" numa "cidade hostil"
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Um manifesto com vários subscritores convocou um buzinão para esta quarta-feira, 9 de outubro, em Lisboa, contra aquilo que consideram ser um "turismo descontrolado" e que os faz comparar a capital a um "parque de diversões".
“Por Lisboa, faz-te ouvir!” é o lema do manifesto, que pretende levar o buzinão a zonas como a Praça do Município, o Chiado e as Portas do Sol, no bairro de Alfama.
Os subscritores do manifesto partilham a sensação de que a cidade de Lisboa se transformou numa espécie de "parque de diversões" e a cidade, que outrora foi para viver e visitar, transformou-se num espaço só para se visitar, sublinha o produtor cultural Sérgio Machado Letria, um dos subscritores deste manifesto.
"Há uma sensação de saturação perante uma cidade que é gerida de forma a quase priorizar o turismo", lamenta, em declarações à TSF.
O produtor cultural aponta ainda que a indústria da hospitalidade - que é o turismo - está a transformar-se na indústria da hostilidade e denuncia os "elevados custos" que isso acarreta para quem vive na capital.
"Este manifesto não é contra os turistas que têm a total legitimidade para visitar Lisboa. O que acontece é que de facto se está a tornar uma cidade hostil e não hospitaleira. Há uma sensação de descontrolo, com custos muito elevados para quem vive na cidade", conta.
Os residentes em Lisboa tiveram de abandonar a cidade devido ao custo das rendas e, para os subscritores do manifesto, a sensação é de que há um descontrolo com os tuk tuk e os TVDE a invadirem as ruas.
O manifesto pede regulação e Sérgio Machado Letria dá alguns exemplos de algumas medidas que podem ser adotas: "A não construção contínua e permanente de hotéis, a regulação e imposição de limites à oferta de alojamentos locais que existem na cidade. Seria interessante que fossem divulgados números das licenças de veículos TVDE, por exemplo, ou tuk tuk que circulam pela cidade."
O manifesto apela ao executivo lisboeta para que olhe para este problema da pressão turística e que sejam definidos níveis de carga que permitam ao turismo ser uma atividade sustentável.