O Conselho das Finanças Públicas revela que, apesar dos prejuízos, as contas de 2022 estão melhores do que em 2021.
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A análise é do Conselho das Finanças Públicas (CFP), “apesar da melhoria face a 2021, os resultados económicos das empresas não financeiras do Setor Empresarial do Estado (SEE) continuam a demonstrar um desequilíbrio económico com um resultado líquido negativo de 1200 milhões de euros em 2022”.
Na opinião do organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral, este desempenho reflete “uma melhoria significativa daqueles indicadores face a 2021” mas “continua insuficiente para corrigir o desequilíbrio económico do sector”.
De acordo com o CFP “os resultados económicos negativos implicam a necessidade de reforços de capital por parte do acionista público para evitar a deterioração da situação financeira e patrimonial das empresas”.
Ainda assim, apesar dos resultado líquido negativo, “em 2022, o SEE apresentou uma forte recuperação na maioria dos indicadores económicos e financeiros. O volume de negócios agregado das empresas não financeiras do SEE totalizou 13,3 mil milhões de euros em 2022, superior aos 10,1 mil milhões de euros apurados em 2021”.
O CFP justifica esta recuperação como “reflexo da retoma da atividade económica após a pandemia e do levantamento das restrições que estavam ainda em vigor”.
Apesar de tudo, “no final de 2022, 30 empresas não financeiras do SEE apresentaram capitais próprios negativos, representando mais de um terço” das empresas do Estado que estão deste modo numa “situação de falência técnica”.
Como destaca o CFP cinco das empresas nesta situação de falência técnica “concentram mais de 92% do valor negativo global do sector, com destaque para a Parvalorem e para a Metro do Porto”.
Já 57 empresas não financeiras analisadas apresentavam capitais próprios positivos, com “cinco delas a concentrarem mais de 81% do valor total positivo do sector”.
Saúde
O relatório destaca o sector da saúde como tendo, em 2022, agravado os resultados económicos. As entidades públicas empresariais (EPE) integradas no Serviço Nacional de Saúde agravaram os seus resultados “com a retoma da atividade assistencial após a pandemia, pela subida acentuada da inflação e, em menor expressão, pela redução da receita, por via das taxas moderadoras”.
Todas as EPE do SNS analisadas registaram resultados líquidos negativos, num total agregado negativo de 1300 milhões de euros, o que representa um agravamento de 169 milhões de euros face a 2021.
TAP
“No sector dos transportes registou-se uma recuperação significativa da atividade em 2022, com o volume de negócios das empresas do SEE a crescer 77,3%. A recuperação das vendas da TAP contribuiu para mais de 86% deste aumento”, revela o CFP.
Na TAP, “apesar do aumento dos gastos operacionais relevantes em 56,6%, o crescimento significativo do volume de negócios mais que compensou e o resultado líquido do exercício agregado atingiu um montante positivo de 123 milhões de euros, uma recuperação de 1700 milhões de euros face a 2021”.
Este relatório analisa 87 empresas não financeiras e sete financeiras do SEE representativas das 149 entidades que constituem o SEE.
No final de 2022, o conjunto de entidades do SEE empregava 159 373 trabalhadores, representando 3,3% do emprego nacional.