Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários propõe novo mecanismo para acautelar inflação
Em entrevista à TSF, Paulo Gonçalves Marcos, líder do sindicato, deixa farpas ao Millennium BCP por considerar que se demite de responsabilidades na área da saúde, com a proposta de uma apólice complementar paga, “na prática”, pelos trabalhadores.
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O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB), Paulo Gonçalves Marcos, garante que um novo mecanismo para acautelar eventual escalada de inflação está a ser proposto nas negociações sobre aumentos salariais em curso com diversas instituições bancárias e já de acordo fechado com o grupo da Caixa de Crédito Agrícola.
Com o atual quadro geopolítico internacional e os riscos acrescidos que representam o agravamento de tarifas dos EUA impostas a outros países, incluindo na Europa, para este dirigente sindical, 2025 é um ano desafiante face a riscos acrescidos inflacionistas, que devem ser acautelados nas negociações em curso com o patronato.
O SNQTB propõe, por isso, um novo mecanismo de proteção salarial contra a inflação e já conseguiu chegar a acordo com o grupo do Crédito Agrícola para a atualização dos salários e pensões deste ano.
No início da semana, o sindicato fez um plenário com os associados do Eurobic, depois de ter tido conhecimento que o banco, comprado pelo grupo espanhol d’A Banca, contactou alguns colaboradores em várias zonas do país, para propostas de cessação de contrato, mediante pagamento de uma indemnização.
O Eurobic tem 1430 trabalhadores em Portugal e este comportamento, diz Paulo Gonçalves Marcos, não correspondia ao que lhe foi transmitido nas reuniões tidas com representantes desta instituição bancária, nas quais teve garantia de que não iria haver nenhum plano de reestruturação que passasse por despedimentos.
Depois de ouvir os trabalhadores e de novo contacto com a administração, o sindicato conclui que o processo está esclarecido, sem qualquer tipo de problemas, mas promete continuar a acompanhar a situação.
Já sobre os CTT, Paulo Gonçalves Marcos considera que se vive uma situação bizarra, pela recusa da administração em negociar uma convenção coletiva de trabalho.
Em entrevista à TSF, deixa ainda farpas ao Millennium BCP por considerar que se demite de responsabilidades na área da saúde, com a proposta de uma apólice complementar paga, “na prática”, pelos trabalhadores.
Em matéria de benefícios para os trabalhadores bancários, considera que há ainda um longo caminho a percorrer, tal como revela o diploma que contempla o acesso de antigos combatentes a benefícios adicionais de saúde, mas conclui que o legislador ainda descuida alguns outros grupos, como os cuidadores informais.
O Sindicato Nacional dos Quadros técnicos bancários lançou ainda a proposta de criação de um Comité de Avaliação de Carreiras para garantir uma progressão justa e condizente com o desempenho dos trabalhadores do setor neste momento em que mantém em curso vários processos negociais e que continua a defender aumentos na ordem dos 3,76% face à atual conjuntura.
Nesta altura, a Caixa Geral de Depósitos fechou acordo com alguns outros sindicatos, para aumentos de 2,5% em 2025, enquanto o Montepio definiu um aumento de 4,3% em vigor a partir de janeiro, mas Paulo Gonçalves Marcos defende que algumas destas decisões revelam risco de precipitação.
Um calendário ainda em aberto no final do 1.º trimestre, de um ano que se avizinha incerto, pelo impacto geopolítico internacional, mas que começou com bancos portugueses em boa forma, a avaliar pelos resultados que têm apresentado e pela tendência que perspetiva face à forte capitalização, ao fraco nível de crédito malparado e que poderá levar a uma estratégia de maior predisposição de financiamento da economia nacional.
