O governador do Banco de Portugal assegurou hoje, no Parlamento, que a resolução do Banco Espírito Santo foi decidida a 1 de agosto, contrariando a informação que consta num documento da Comissão Europeia que aponta para 30 de julho. Carlos Costa garantiu ainda que a saída de Vítor Bento do Novo Banco foi «amigável».
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«A decisão foi tomada no início da tarde do dia 1 de agosto, numa teleconferência com os governadores [dos bancos centrais da zona euro]. Não há nenhuma decisão antes dessa data», afirmou Carlos Costa no arranque da sua audição de hoje no Parlamento. E realçou: «O Banco de Portugal não responde pela Direção Geral da Concorrência [da Comissão Europeia]. Só eles podem responder».
O governador do Banco de Portugal (BdP) especificou que o processo de resolução do Banco Espírito Santo (BES) avançou no dia 1 de agosto, tendo sido concluído a 3 de agosto, dia em que foi tornado público. «Há algo que terá que ser explicado, mas não é por mim», sublinhou. Carlos Costa contraria assim a notícia hoje publicada pelo Económico, segundo a qual a resolução do BES terá tido início formal dois dias antes da suspensão das ações em bolsa.
Pouco antes das declarações proferidas pelo governador no Parlamento, o Banco de Portugal emitiu um comunicado sobre a mesma matéria.
«Perante as notícias de hoje, o Banco de Portugal reitera que o processo de resolução do BES foi desencadeado sexta-feira, 1 de agosto, à tarde, depois de se ter tornado evidente que era a única opção que permitia ultrapassar os efeitos altamente negativos da perda eminente pelo BES do estatuto de contraparte junto do Banco Central Europeu (BCE)», lê-se no documento. Segundo o comunicado, «o processo de resolução foi concluído e anunciado no domingo, 3 de agosto».
O líder do supervisor bancário está hoje a ser ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças, precisamente a propósito de questões ligadas ao BES/Novo Banco, nomeadamente, a renúncia de Vítor Bento - gestor convidado pelo Banco de Portugal para assumir a presidência da instituição.
Carlos Costa aproveitou para agradecer a Vítor Bento pelo trabalho prestado no Novo Banco, explicando que «teve todo o apoio do conselho de administração do Novo Banco». «Vitor Bento esforçou-se», mas «houve um momento - e só ele pode explicar - onde considerou que não era a pessoa adequada para continuar com o processo». Daí que, «por mútuo acordo», decidiu-se que sairia.
«Muito embora estivesse confortável com trabalho que estava a ser feito» por Vítor Bento, Carlos Costa admitiu que «não podemos forçar ninguém - apesar de todo o apreço que tenho pelo doutor Vítor Bento, a continuar nesse lugar».
O Governador do BdP asseguro, ainda que «foi um processo absolutamente dialogado, com diálogo muito estreito entre BdP e o conselho de administração».