
Mário Soares
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Em vésperas da apresentação do pacote de ajuda, Mário Soares insiste que o Presidente da República deve apreciar esse programa e que Portugal não deve assumir uma posição de subserviência.
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No artigo de opinião, que assina esta terça-feira no Diário de Notícias, o histórico socialista assume que «a margem de manobra é curta, mas não deve colocar o país numa posição de subserviência» nas negociações com a "troika".
A partir de hoje, «a situação vai acelerar mas não é pegar ou largar, afinal», diz Mário Soares, «somos um estado independente há quase nove séculos e não podemos consentir que nos tratem sem respeito ou que nos pretendam atirar para uma recessão sem remédio».
A receita, nas palavras de Mário Soares, passa por uma discussão sobre as propostas da "troika" entre Governo e o maior partido da oposição, PSD.
O histórico socialista sublinha que as disputas eleitorais devem ser guardadas para mais tarde porque o actual «momento exige união» e até a intervenção do Presidente da República.
Mário Soares defende que Cavaco Silva deve também discutir e apreciar o plano de ajuda a Portugal, que será apresentado em breve porque, «todos juntos, a uma só voz, têm de afastar o perigo de bancarrota e defender o superior interesse nacional».
Para isso devem apresentar as contrapropostas que lhes pareçam necessárias, com descrição e calma a bem do rigor.
Mário Soares fala ainda sobre o elevado preço que Portugal vai pagar pela ajuda externa porque «a 'troika' não dá nada a ninguém».
O antigo Chefe de Estado diz esperar medidas que combatam o défice, mas que não esqueçam a necessidade de investimento. Neste ponto critica a frieza das instituições europeias.
Mário Soares diz que o BCE e a Comissão Europeia, ao contrário do FMI, só pensam nos equilíbrios financeiros e não nas pessoas e nos Estados que deviam ajudar, «não conseguem libertar-se do economicismo neoliberal».