Para Robert Fishman, a culpa do pedido de ajuda externa tem a ver com «especulação dos mercados obrigacionistas e das agências de rating» e com o falhanço do BCE.
Corpo do artigo
O sociólogo norte-americano Robert Fishman considerou, num artigo de opinião publicado no jornal The New York Times, que o resgate de Portugal não era necessário e foi consequência de uma pressão injusta dos mercados.
Ouvido pela TSF, este professor da Universidade de Notre Dame defendeu que este resgate nada teve a ver com os «portugueses» ou com a «situação económica ou dos partidos e responsáveis políticos».
«Essa ajuda passou a ser uma realidade muito por culpa da especulação dos mercados obrigacionistas e das agências de rating. Mas para isso contribuiu também o falhanço do BCE que não agiu de forma suficientemente agressiva na compra de obrigações portuguesas nos mercados», acrescentou.
Ao lembrar que a dívida pública portuguesa é muito inferior à italiana e que o défice português é mais baixo do que o de outros países, Fishman defende que os mercados agiram devido ao «cepticismo ideológico relativamente a um modelo de economia mista» ou então por «falta de perspectiva histórica».
«Existe um risco claro de esta crise se espalhar e contaminar outras economias. Em determinados pontos, comparativamente com Portugal, a situação económica de Espanha e Itália é pior», acrescentou.
Para este sociólogo, «Portugal é um país pequeno e foi fácil para os mercados especularem sobre a situação económica e assim influenciar o valor dos juros exigidos», algo que poderá acontecer noutros países, «incluindo os EUA».