A Standard & Poor's manteve hoje o "rating" de Portugal, em "BB", atribuído à dívida de longo prazo, permanecendo num nível de "lixo", informou hoje a agência de notação financeira.
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Em comunicado, a Standard & Poor's, cujos "rating" atribuídos a Portugal não são solicitados, manteve também as perspetivas estáveis, tendo em conta as «melhorias no mercado de trabalho e nas finanças públicas» e apesar dos «riscos de uma procura externa mais baixa, da lenta desalavancagem do setor privado e das pressões deflacionárias persistentes».
A agência de "rating" argumenta a decisão com o facto de «a economia (portuguesa estar) relativamente próspera em comparação com as suas pares», com a «consolidação orçamental orientada pela despesa», com a «melhoria do perfil da dívida pública» e com a «execução de reformas importantes».
No entanto, esclarece que o "rating" de Portugal «permanece restringido» pelo que a S&P considera ser «um endividamento privado e público muito elevado», e também devido ao «fraco equilíbrio económico externo» e à «fraca transmissão monetária, que parece impedir parte do setor empresarial de Portugal de melhorar ainda mais» em termos de competitividade.
A agência de "rating" acredita que a economia portuguesa cresça cerca de 1,1% ao ano em 2014 e em 2015, uma previsão ligeiramente inferior à avançada em maio, e alerta que «o enfraquecimento» atual da zona euro «vai afetar a procura externa de bens e serviços de Portugal».
Quanto à procura interna, a instituição antecipa que recupere e que contribua positivamente para o crescimento este ano mas adverte que «deve impulsionar as importações».
A S&P afirma que «persistem riscos»relativamente ao crescimento real e nominal do Produto Interno Bruto (PIB), mas considera que estes riscos advêm «sobretudo de fatores externos».
Em relação ao «elevado endividamento», a Standard & Poor's entende que «pode não decrescer rapidamente em Portugal, em parte devido à inflação muito baixa».
A S&P estima que, depois do segundo Orçamento Retificativo, apresentado em agosto, Portugal cumpra o objetivo do défice em 2014 mas questiona o cumprimento das metas para 2015 e 2016.
«Apesar de a recuperação económica, apoiada sobretudo na melhoria do mercado de trabalho, ajudar a reduzir o défice durante este período, pensamos que o Governo pode não cumprir o seu objetivo mais ambicioso de 2,7% em 2015», adverte a instituição.
Também as eleições de 2015, os desafios socioeconómicos e as pressões dos mercados de capitais «substancialmente aliviadas» podem, segundo a Standard & Poor's, «levar a derrapagens na política orçamental e estrutura», o que pode «pôr em risco a trajetória do défice e os objetivos de crescimento nos próximos anos».
Quanto ao setor financeiro, a S&P encontra «desafios persistentes», depois da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo em agosto e dos resultados dos testes de "stress" feitos pelo Banco Central Europeu e que foram apresentados em outubro.
O "rating" agora confirmado em "BB", que é ainda considerado de não investimento, pode descer se a implementação de reformas abrandar, se as políticas da zona euro não ajudarem Portugal a manter custos de financiamento em níveis sustentáveis e se «a posição orçamental se desviar significativamente» da previsão atual, adverte a agência de notação financeira.
Por outro lado, a continuação da adoção de reformas estruturais, a redução do défice e a desalavancagem ordeira do setor privado impulsionada pela melhoria das condições de crédito são fatores que podem contribuir para uma subida do "rating" pela S&P.