Sucesso das contas da Madeira agarrado à 'monocultura' do turismo. Açores aumentam dívida devido à SATA
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) publica esta quarta-feira o relatório sobre a Evolução Orçamental das Regiões Autónomas, os dados são de 2022.
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O CFP concluiu que “as Regiões Autónomas evidenciaram em 2022 um forte crescimento económico” sendo que os Açores apresentaram um crescimento económico em linha com o verificado no país, tendo atividade económica ficado acima do nível pré-pandemia” e a Madeira “registou em 2022 um crescimento económico robusto acima do verificado para o conjunto da economia portuguesa”.
Quanto à dívida pública, “o peso da dívida dos Açores no produto da região agravou-se em 2022 atingindo um novo máximo. Em 2022, o rácio da dívida na definição de Maastricht fixou-se em 60% do PIB da região, um aumento de 0,6 ponto percentuais face ao verificado em 2022”.
Este peso da dívida dos Açores “acentuou-se em 2022, em consequência sobretudo do acréscimo de responsabilidades para com o Grupo SATA. Este aumento que consolida a trajetória de agravamento que se verifica desde 2019 respeita em boa parte ao acréscimo de responsabilidades relativamente a fornecedores e outras dívidas a pagar”.
Assim, “do aumento de dívida que as Empresas Públicas Não Reclassificadas (EPNR) registam desde 2019, num total de 661 milhões de euros, 538 milhões são devidos às empresas integradas no grupo SATA”, conclui.
Já a Madeira, de acordo com o CFP, vive uma monocultura do turismo.
Embora o crescimento real da PIB da região tenha atingido 14,2% em 2022, mais do dobro do registado pelo país (6,8%) isso só foi possível devido a uma variação do Valor Acrescentado Bruto (VAB) em volume dos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração em 33,4% e dos serviços prestados às empresas em 27,5% – que incluem em particular os ligados à atividade turística, como as atividades de aluguer, agências de viagem”.
Ou seja, “os níveis de quebra do PIB em 2020 e de recuperação em 2022, superiores aos verificados no todo nacional, traduzem, de resto, a forte dependência da economia madeirense ao sector do turismo”, sublinha o organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral.