Ministério do Ambiente considera preocupante o desfecho do projeto que visava construir em Leiria uma estação coletiva para servir as suiniculturas de três concelhos
Corpo do artigo
A noticia é avançada pelo Jornal de Leiria: os suinicultores da região desperdiçaram 9 milhões de euros a fundo perdido, financiamento público para construir uma estação coletiva de tratamento de efluentes e travar a poluição na bacia do Lis.
TSF\audio\2017\12\noticias\28\04_claudio_garcia_suinicultores_de_leiria
Num comentário enviado à TSF, o ministério do Ambiente considera preocupante o desfecho e as suas consequências. Paulo Batista Santos, vice-presidente da comunidade intermunicipal da Região de Leiria, sugere mão-dura para os prevaricadores. Pede que "se exija responsabilidades por aqueles que são causadores de um grave crime ambiental" que persiste na região. "Aqueles que não cumprirem com a lei devem ser devidamente penalizados e o governo tem uma palavra importante para decidir", lembra.
Após várias derrapagens de prazos, o contrato de financiamento da estação de tratamento foi rescindido pela autoridade de gestão do programa PDR 2020. Os suinicultores nunca adjudicaram a obra.
Paulo Batista Santos exige agora ao Governo que assuma a liderança do processo. "Se há 10 milhões de euros para construir uma ETAR nova, por exemplo, na região de Coimbra, tem que haver também dinheiro para que nós possamos resolver aqui em Leiria soluções ambientais graves", argumenta.
Rui Crespo, da comissão de defesa da Ribeira dos Milagres, explica para onde vai a maior parte dos efluentes suinícolas produzidos todos os dias nos concelhos de Leiria, Batalha e Porto de Mós: "Os efluentes têm de ser lançados nas linhas de água, nos campos do lis, nos pinhais, nos eucaliptais, em toda a região aqui dos Milagres, eu diria até de Leiria". Cheiro nauseabundo, poluição dos solos, contaminação das linhas de água. A comissão reclama tolerância zero. "O Estado agora devia era fechá-los. Não têm condições, fecham. Deem mais poder às brigadas fiscalizadoras, mais capacidade, façam investigações rigorosas às suiniculturas".
Segundo David Neves, que representa os suinicultores, o setor continua empenhado numa solução e não foi notificado oficialmente pelo PDR 2020. O empresário alega que o projeto, "para além do montante que está considerado do ponto de vista do financiamento a fundo perdido, precisa de financiamento bancário". E conclui: "Aquilo que é preciso é montar a operação junto da banca que é aquilo que temos estado a trabalhar".
O problema arrasta-se há décadas. No concelho de Leiria, sobretudo na freguesia dos Milagres, mas também nos concelhos de Porto de Mós e da Batalha, há mais de 400 suiniculturas ativas.