Luís Filipe Pereira, o novo presidente do Conselho Económico e Social (CES) considera, em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, que a maior parte do tecido económico português consegue suportar novos aumentos do Salário Mínimo Nacional, e que essa deve ser uma luta dos parceiros sociais.
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Luís Filipe Pereira diz-se "partidário de um aumento do Salário Mínimo Nacional", mas avisa que esse passo deve "ser ponderado pela capacidade que as empresas têm de o pagar". Trata-se de uma questão prática, diz o novo presidente do CES, que afirma que se esse aumento colocar em causa "o emprego ou a sobrevivência das empresas, não será uma boa medida".
O antigo Ministro da Saúde nos governos Durão Barroso e Santana Lopes, e Secretário de Estado da Segurança Social e da Energia nos executivos de Cavaco Silva, assumiu a presidência do CES há pouco mais de um mês, e garante que apesar do mandato terminar já em Outubro, não considera "estar apenas de passagem" pelo cargo.
Assumindo que gosta de abraçar desafios complexos, Luís Filipe Pereira afirma que nunca se sentiu "a prazo" em nada do que fez ao longo da vida, e conta que considerou "que seria interessante este desafio até ao final da legislatura", e que "depois logo se verá se há vontade, da minha parte e dos partidos, de continuar".
Analisando as propostas do PS, que propõe alterações na Taxa Social Única (TSU) como uma das formas de estimular o consumo interno, Luís Filipe Pereira afirma que "tudo o que seja mexer na TSU tem de estar muito bem fundamentado", e que não viu essa fundamentação. O presidente do CES avisa mesmo que é preciso "extrema atenção em relação à TSU", sobretudo porque "temos um sistema de Segurança Social muito frágil".
Quanto à sustentabilidade da Segurança Social, Luís Filipe Pereira diz que há três caminhos para conseguir esse objectivo, "ou baixamos a taxa de substituição - a relação entre o último salário e a primeira pensão -, ou aumentamos a idade da reforma, ou encontramos outras fontes de financiamento". Seja qual for o caminho escolhido, para o presidente do CES é claro que o corte de 600 milhões de euros inscrito pelo governo PSD/CDS no Programa de Estabilidade "não resolve o problema de fundo das pensões", e destina-se apenas "a suprir uma necessidade pontual".
Olhando para a actualidade política e para os cenários pós-legislativas de Outubro, Luís Filipe Pereira diz que, apesar de não dar grande credibilidade a sondagens, é quase certo que não haverá uma maioria absoluta de nenhum dos lados. Perante esse quadro político, o presidente do CES diz-se um "fervoroso adepto" de um "entendimento ao centro", leia-se um governo de bloco central, até porque, explica, "os dois principais partidos ainda reúnem cerca de 70% dos votos, e há temas inultrapassáveis sem acordos".