Trabalhadoras da Cablerías à espera do fecho da fábrica porque “a dívida da empresa é de milhões”
A trabalhadora Lisabela Fonseca afirma que esta é uma "situação lamentável", até porque na fábrica Cablerías "há famílias, mães e filhos a trabalhar"
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O futuro da fábrica de Valença da espanhola Cablerías deverá ser decidido em assembleia de credores no dia 21 de janeiro, em Viana do Castelo, e os cerca de 250 trabalhadores da empresa já estão à espera do encerramento.
A unidade de produção de cablagens e sistemas de distribuição elétrica e eletrónica para o setor automóvel, entrou em insolvência no final de 2024 e quem lá trabalha diz-se ao abandono. Esta sexta-feira de manhã, o Bloco de Esquerda (BE) realizou uma ação de solidariedade, à porta da fábrica, liderada pela deputada na Assembleia da República, Mariana Mortágua.
“A expectativa é o fecho, porque a dívida que a empresa tem é muito grande. São milhões. E não sei o que é que passou, porque tinha muito trabalho e, de um momento para o outro, isto aconteceu. Insolvência”, disse a trabalhadora Lisabela Fonseca, que trabalha há uma década, referindo que o processo apanhou todos de surpresa.
“Não estávamos à espera. Ainda temos encomendas e aconteceu isto, assim de um momento para o outro”, afirmou, confirmando que a unidade continua a laborar, mas com operadores de trabalho temporário contratados propositadamente para concluir encomendas de clientes que estão a pagar a matéria-prima para as ver satisfeitas.
“Os da empresa estão abandonados dentro da fábrica. Estamos a ocupar lugares de falhas e faltas”, contou, indicando ainda que os operários não têm qualquer informação dos administradores do grupo espanhol.
“O que sabemos é por portas travessas”, afirmou, lembrando: “Aqui há famílias, mães, filhos a trabalhar na fábrica. É uma situação lamentável. Principalmente aqui na zona Norte, que está muito mal a parte do ramo automóvel.”
Após falar com trabalhadores na troca de turno, à hora de almoço, Mariana Mortágua, defendeu “um plano de emergência para esta zona e para as empresas que estão a fechar”.
“Sabemos que o setor automóvel está a enfrentar dificuldades, mas esta fábrica está a produzir, tem clientes e até aumentou um turno para poder a todas as necessidades dos clientes e ainda assim vai fechar deixando centenas de pessoas sem trabalho”, declarou.
A bloquista entende ainda que “há uma vaga meio silenciosa de despedimentos no país, sobretudo no setor têxtil e automóvel”, uma situação que preocupa o partido “por causa dos trabalhadores e por causa da economia”.
