A comissão de trabalhadores da RTP critica a concessão de exceção ao presidente e a um vogal da administração da empresa pública, que lhes permite ter salários acima do PR.
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Numa nota enviada à Lusa, os trabalhadores dizem que «quando se repete até à saciedade que é preciso pagar mais aos gestores da RTP, para os manter à frente duma empresa necessitada de boa gestão, procura-se ocultar que a guia de marcha deste conselho de administração consiste hoje, muito simplesmente, em desmembrar a empresa e em servir a estratégia de privatização», concluindo que «os vencimentos milionários não são para salvar a RTP, mas para enterrá-la».
Os trabalhadores notam que o Governo demorou cerca de três meses a responder ao pedido de exceção feito pelo presidente da RTP, Guilherme Costa, e por um administrador, José Araújo e Silva, considerando que «ela [a demora] não serviu para fabricar bons argumentos, que continuam a brilhar pela ausência, serviu, sim, para fazer sair o despacho, num cantinho do Diário da República, quando metade da empresa está de férias e a outra metade em véspera de férias».
A nota de imprensa termina com um apelo: «Apelamos a todos os colegas para que mantenham a maior vigilância possível nesta fase. Outras surpresas podem vir a caminho, enquanto o país está a banhos - tal como em Valência, Espanha, onde acaba de ser decidido o despedimento de quase 1300 trabalhadores da televisão pública».
O presidente da RTP, Guilherme Costa, e um vogal da administração, José Araújo e Silva, vão manter os salários equivalentes à ponderação média dos últimos três anos antes de entrarem no setor empresarial do Estado.
O Diário da República publica hoje que foi aceite o pedido dos dois gestores para poderem beneficiar do regime de exceção previsto no Estatuto do Gestor Público quando aplicado aos setores empresariais do Estado em ambientes de concorrência.