Os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social acusam a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade de tentar adiar a negociação do novo contrato coletivo de trabalho. À TSF, o padre Lino Maia explica que o acordo de cooperação com o Executivo "está atrasado"
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Os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) cumprem, esta quarta-feira, um dia de greve e acusam a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) de tentar adiar a negociação do novo contrato coletivo de trabalho. À TSF, o padre Lino Maia, presidente da CNIS, rejeita a acusação e revela que ainda não foi fechado o acordo de cooperação com o Executivo, acordo esse que permitirá iniciar negociações com os sindicatos.
"Nós estamos atrasados em relação às atualizações dos acordos de cooperação. Estamos em diálogo com o Governo, não há ainda conclusões, preveem-se conclusões para o mês de fevereiro e só nessa altura estaremos em condições para avançar com negociações com os sindicatos", explica à TSF Lino Maia, sublinhando que "todas as instituições terão de atualizar e pagar segundo o ordenado mínimo, mas outras atualizações dependem das comparticipações públicas".
O presidente da CNIS adianta que os motivos que explicam o atraso no fecho do acordo de cooperação com o Governo prendem-se com o facto de aquele acordo estar dependente de uma avaliação de custos que ainda está a ser feita. "Houve um grupo de trabalho que chegou a conclusões sobre os custos das várias respostas sociais e esses custos é que vão ter repercussão na conclusão das negociações com o Governo."
A greve desta quarta-feira é convocada pelas federações dos Sindicatos do Comércio e Serviços, dos Professores (Fenprof) e dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal, assim como pelos sindicatos dos Enfermeiros Portugueses, dos Profissionais de Farmácia e Paramédicos, dos Fisioterapeutas Portugueses e dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social.
Também ouvida pela TSF, a coordenadora da Federação dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços, Ana Paula Quintela, afirma que os trabalhadores não aceitam o argumento da CNIS relativamente aos atrasos por parte do Governo.
"A verdade é que tem sido reiteradamente, ano após ano, esse o argumento da CNIS e os trabalhadores não aceitam essa justificação. Se há atrasos nas negociações com o Governo relativamente aos acordos de cooperação, é o dever da CNIS fazer pressão para que isso não aconteça e começar a negociar os tais acordos de cooperação de uma forma mais precoce, para que, em janeiro, já haja uma perspetiva daquilo que serão os aumentos dos salários para os trabalhadores deste setor", sublinha Ana Paula Quintela.
Acreditando que a CNIS "possa estar a fazer essa pressão", a coordenadora da Federação dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços assinala, ainda assim, que as negociações dos salários estão mais atrasadas em comparação com o ano passado. "No ano passado, nesta altura, já tínhamos uma evolução da negociação muito mais célere do que aquilo que está a acontecer agora", diz, acrescentando: "Não se compreende que o Governo não olhe para as instituições de uma forma mais séria, mais justa e reconheça que, de facto, há uma necessidade imediata de valorizar estes trabalhadores."
Uma concentração está convocada também para esta quarta-feira junto à sede da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), no Porto.
Além da “urgente negociação” do CCT, os trabalhadores exigem a valorização das suas carreiras e profissões, um “aumento significativo dos salários”, bem como 35 horas de trabalho semanal, o direito à conciliação dos horários de trabalho com a vida familiar e o fim da discriminação salarial dos educadores de infância em creche.
