Os trabalhadores da CP e dos CTT dizem que o argumento do primeiro-ministro de que é possível baixar o preço dos serviços à custa dos trabalhadores não passa de uma «falácia».
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O presidente da Comissão de Trabalhadores da CP ficou pouco satisfeito com a possibilidade de ocorrer uma baixa do preço dos bilhetes à custa dos salários dos funcionários desta empresa.
Reagindo à entrevista do primeiro-ministro à RTP, onde Pedro Passos Coelho sublinhou que os «transportes públicos têm muito pessoal» e que portanto é possível baixar os preços, José Reizinho considerou que este argumento é uma «falácia».
«Como tem muitos trabalhadores, há menos custos por parte da empresa logo pode reduzir-se o preço do transporte», acrescentou este trabalhador da CP, que lembrou que a «redução de pessoas leva a uma pior prestação de serviço público».
O porta-voz da Comissão de Trabalhadores da Carris frisou, por seu turno, que não concorda com o que ficou subentendido nas palavras de Passos Coelho de que a «responsabilidade das tarifas estarem ao preço que estão é dos trabalhadores».
«A responsabilidade é do Governo. Foi uma opção que foi tomada por este Governo por uma subida brutal nos transportes públicos. O Governo tem de assumir essa responsabilidade e explicar para onde e para que está a servir este aumento», referiu Paulo Gonçalves, em declarações à TSF.
Já o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações indicou que Passos Coelho ao se referir aos CTT como uma empresa em que o custo dos serviços pode baixar acaba por revelar que tem «segundas intenções».
«Na ótica do Governo, os CTT para serem vendidos têm de diminuir o número de trabalhadores e têm de emagrecer», acrescentou Vítor Narciso, ouvido pela TSF.
Este sindicalista lembrou, contudo, que se os preços ainda não foram baixados, foi porque o Governo ainda não quis fazer, dado que é o Executivo através do ministério da tutela que fixa os preços.
«Se os CTT têm apresentado resultados positivos nos últimos seis a oito anos, os preços não foram reduzidos porque Estado, tutela e regulador não o quiseram reduzir, mas isso não tem nada a ver com a questão da Taxa Social Única, que é uma falácia», concluiu.