Trabalhadores dos cogumelos em greve de cinco dias por melhores condições trabalho
Reivindicam melhores salários, valorização da experiência, semana laboral de 35 horas e 25 dias de férias, bem como mais segurança nas unidades de produção de Vila Flor, Vila Real e Paredes.
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Os trabalhadores da Varandas de Sousa, antiga Sousacamp, a maior produtora de cogumelos frescos em Portugal, estão a cumprir cinco dias de greve, até quarta-feira. A empresa, que emprega cerca de 300 trabalhadores, tem fábricas nos concelhos de Vila Flor, Vila Real e Paredes, mas, até agora, a paralisação não teve uma adesão total.
Os trabalhadores estão a reclamar “aumento salarial digno, a valorização da experiência dos trabalhadores por via da implementação de um justo sistema de diuturnidades, a diminuição do período normal de trabalho semanal para as 35 horas, 25 dias de férias e a dispensa do trabalhador no dia do aniversário”.
São reivindicações que, até agora, não têm sido atendidas pela administração da Varandas de Sousa, de acordo com a trabalhadora da unidade de Vila Real, Sandrina Santos. “Escondem-se atrás de um processo de recuperação da empresa e que não têm dinheiro para nos darem”, refere, pelo que “a greve vai continuar até quarta-feira para lutar pelos direitos e valorização dos trabalhadores”.
Sandrina acrescenta que são os empregados mais velhos que são responsáveis por “dar formação aos mais novos” e “acabam por ter o mesmo salário”. Daí que seja “mais que justo ter uma diferenciação”. Acrescenta “falta de segurança”, nomeadamente dentro das unidades de produção de cogumelos, onde “as prateleiras estão completamente podres e caem aos pedações quando se lhes encostam os escadotes, que também estão estragados”.
José Eduardo Andrade, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação,
Bebidas e Tabacos de Portugal, disse que a adesão à greve tem sido “muito distinta nos vários centros de produção” da empresa. “Vila Real é a que tem maior adesão, cerca de 90%, em Benlhevai (Vila Flor) quase 40%, enquanto a de Paredes é a quem tem menos. A média será de 50%”, contabilizou.
Fonte da administração da empresa disse à TSF que “a Varandas de Sousa está a cumprir um exigente processo de recuperação financeira e comercial”. Sublinhou que “depois de um período em que esteve a um passo de fechar as portas, - o tribunal condenou o proprietário por insolvência culposa -, a empresa foi resgatada e a primeira ação foi pagar os salários em atraso aos trabalhadores”.
A fonte acrescentou que foi assim iniciada “uma importante fase da vida da Varandas de Sousa, devidamente impulsionada pelo necessário investimento nos trabalhadores, nas condições de trabalho e nas infraestruturas”.
Nas contas feitas à adesão dos trabalhadores no fim de semana, a administração da empresa registou 1,5% nas três unidades, no sábado, e 0,9% no domingo. Tal “confirma que o plano de recuperação está a ser bem recebido e entendido”. A adesão nos restantes dias, até quarta-feira, será avançada no final na greve.
