Os trabalhadores dos Estaleiros Navais do Mondego, da Figueira da Foz, reclamaram esta quinta-feira do Estado um maior empenho na procura de soluções que ajudem a viabilizar a empresa.
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Com o prazo a esgotar-se para a apresentação de uma proposta de viabilização, que termina no final do corrente mês, os trabalhadores reuniram esta quinta-feira em plenário e decidiram lançar o apelo, porque está em causa uma das ultimas três empresas de «uma área industrial essencial».
Segundo o dirigente sindical José Paixão, além dos estaleiros da Figueira da Foz, existem actualmente os de Viana do Castelo e a Naval Ria, em Aveiro, para a construção de embarcações em Portugal.
«Não estamos a ver Portugal sem estaleiros navais», disse à Lusa o dirigente da União dos Sindicatos de Aveiro, aludindo ao passado de Portugal ligado à exploração dos recursos marinhos e também ao recente acentuar do discurso de altos responsáveis políticos para uma maior aposta no mar.
José Paixão salientou que os trabalhadores estão empenhados «em lutar até ao último momento» na defesa da viabilização, e se a 1 de Agosto tiverem conhecimento de que nenhuma proposta de viabilização foi apresentada irão manifestar-se em Lisboa e procurar reunir-se com todos os grupos parlamentares.
«Em relação àquilo que produz não se vê nenhuma preocupação dos governantes», sublinhou.
Na sua perspectiva, «é necessário apostar na economia nacional, na dinamização da indústria produtiva».
Referiu que nos Estaleiros Navais do Mondego «existem encomendas, trabalho, mas não existe financiamento para as coisas andarem».
Na sua óptica, o Estado deveria considerar esta indústria de interesse nacional, e assim viabilizar-lhe o acesso a outros fundos, a linhas de financiamento, nomeadamente ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), e a linhas de crédito a juros mais baixos.
Adiantou que da parte do maior credor da empresa, o BCP, há empenho na viabilização da empresa. Àquela instituição bancária são devidos cerca de trÊs milhões dos 5,9 milhões de dívidas acumuladas.
Para José Paixão, em qualquer circunstância o Estado terá encargos, seja no apoio à dinamização dos Estaleiros Navais do Mondego, seja no pagamento do subsídio do desemprego aos seus trabalhadores, se a empresa for liquidada.
No plenário desta quinta-feira os trabalhadores convidaram a participar os partidos com assento na Assembleia da República, mas só compareceram representantes dos grupos parlamentares do PEV, BE e PCP, adiantou o dirigente.