Trabalhadores dos Transportes acusam Governo de irresponsabilidade ao falar de regalias

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Depois de o secretário de Estado dos Transportes ter falado em regalias desajustadas da realidade em empresas públicas, vários sindicatos acusaram-no de fazer uma «declaração de guerra» e de proferir declarações «injustas» e «irresponsáveis»
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Esta declaração surge depois de o secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Silva Monteiro, ter alertado que não é possível manter nas empresas públicas regalias desajustados da realidade.
O governante falava, esta quarta-feira, no encerramento da apresentação do Anuário do Sector Empresarial do Estado-2010, na Universidade Católica em Lisboa, uma iniciativa da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, em parceria com a TSF.
«O Governo está, uma vez mais, a fazer uma declaração de guerra», enquadrada na política geral do Executivo de «ofensiva generalizada aos direitos dos trabalhadores», comentou a coordenadora da Comissão de Trabalhadores da Carris.
Referindo-se «àquilo que ao longo dos anos os trabalhadores das empresas públicas têm conseguido adquirir como direitos», Luísa Bota defendeu que não são os funcionários públicos que têm direitos a mais, mas sim os do sector privado que têm uma «maior instabilidade».
Contactada pela TSF, a Carris preferiu não fazer comentários.
Entretanto, José Reizinho, membro da Comissão de Trabalhadores da CP, considerou que as palavras do governante são «injustas» e «falácias que não correspondem em nada à realidade» e que resultam de «irresponsabilidade política».
José Reizinho entende que o Governo devia ser mais rigoroso e não procurar argumentos para «justificar a privatização da empresa».
A Comissão de Trabalhadores da STCP lamentou que o secretário de Estado critique em público o que não quis discutir com os trabalhadores da empresa, afirmando que já foi solicitada, «por duas vezes», uma reunião com o governante.
«Só podemos repudiar este tipo de declarações», considerou Ricardo Cunha, da Comissão de Trabalhadores da STCP, apelidando as palavras de Sérgio Silva Monteiro de «irresponsáveis» por falar de uma empresa «sem ouvir quem lá trabalha».