
Jean-Claude Trichet acredita que o euro não está em perigo. O presidente do Banco Central Europeu (BCE) defende, no entanto, uma mudança no tratado da União.
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Jean-Claude Trichet rejeitou hoje que o euro esteja «ameaçado» pela crise da dívida, mas apelou para uma reforma dos tratados europeus.
«Amanhã [segunda-feira], no meu entender, é preciso alterar os tratados para que seja possível impedir um membro da zona euro de errar e de criar problemas para todos os outros», disse Trichet em declarações à rádio francesa Europe 1 e ao canal de informação i-TELE.
Trichet insistiu que «é preciso ser capaz de o fazer [alterar os tratados da União Europeia] porque esta é a lição da crise».
Neste sentido, o presidente do banco central apelou para uma reforma que permita ao Conselho Europeu ser «capaz de impor decisões» a um país em derrapagem «com base numa proposta da Comissão, com regras apropriadas de maioria».
E reforçou: «A lição da crise, é o que faz efectivamente ir para além das recomendações, eventualmente, através de sanções».
Além das medidas de emergência nas quais a Europa está a trabalhar para travar o contágio da crise grega, e tendo os 27 prometido não voltar aos anteriores tratados, depois do Tratado de Lisboa, recentemente, o velho Continente deu os primeiros sinais para uma possível mudança no texto.
As declarações de Trichet estão em linha com as proferidas recentemente pela chanceler alemã, Angela Merkel, que no início de outubro afirmou em Bruxelas que «a revisão dos Tratados da UE não deve ser um tabu».
Também o presidente francês, Nicolas Sarkozy, havia anunciado a 08 de Outubro que Paris e Berlim que iria propor «alterações significativas» nos textos europeus, mas sem especificar o teor dessas mudanças.
Ainda em declarações aos meios de comunicação social franceses, Trichet insistiu na necessidade de todos os europeus estarem «extremamente vigilantes» em matéria de finanças públicas.
«Não acredito de todo que a Zona Euro esteja sob ameaça e acredito acima de tudo que o euro, enquanto moeda, seja o menor dos problemas do mundo ameaçado», afirmou.
No entanto, instou o presidente do banco central, «todos os países da Zona Euro, sem excepção, devem estar extremamente vigilantes, todos sem excepção devem ser extremamente prudentes».