Tripulações da TAP deixam de pernoitar em Maputo: destino é Joanesburgo devido à instabilidade política
O sindicalista Ricardo Penarróias assegura, na TSF, que os desenvolvimentos da situação em Moçambique estão a ser constantemente avaliados pela TAP, "desde o primeiro momento"
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A TAP alterou o percurso habitual das ligações entre Lisboa e Moçambique por razões de segurança, numa altura em que o país enfrenta uma enorme instabilidade política. A tripulação passa agora a fazer uma "paragem técnica" em Joanesburgo, onde pernoita, em vez de ficar em Maputo.
O país africano enfrenta atualmente uma crise política e antes de serem divulgados os resultados oficiais definitivos das eleições de outubro, uma ação que está prevista para segunda-feira, a transportadora aérea portuguesa decidiu tomar precauções há já três dias.
Ricardo Penarróias, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, explicou à TSF os motivos que levaram a esta alteração, afirmando que "já se tornou perigoso" fazer esta rota, mesmo com a escolta policial.
"Entendíamos que era mais seguro para as tripulações fazerem o voo Lisboa-Maputo. Deixam os passageiros em Maputo, depois a tripulação faz Maputo-Joanesburgo e ficam em Joanesburgo a pernoitar. E depois, no dia seguinte ou dois dias depois, essa mesma tripulação vai direta para Lisboa. A que ficar, fica à espera que venha a rotação novamente para depois pegar no avião de Joanesburgo-Lisboa", revelou.
O sindicalista assinalou que os desenvolvimentos da situação em Moçambique estão a ser constantemente avaliados pela TAP, "desde o primeiro momento". Adiantou ainda que assim que a situação esteja "normalizada" no país, os voos voltam ao percurso habitual.
Pelo menos 130 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo balanço avançado, nesta semana, pela Plataforma Eleitoral Decide, que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, que aponta ainda 385 pessoas baleadas.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane disse, na segunda-feira, numa comunicação através da rede social Facebook, que a proclamação dos resultados das eleições gerais pelo Conselho Constitucional (CC), previsivelmente em 23 de dezembro, vai determinar se Moçambique "avança para a paz ou para o caos".
Os resultados das eleições de 9 de outubro anunciados pela Comissão Nacional de Eleições deram a vitória, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, mas precisam ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais.
