O buraco nas contas públicas da Madeira foi uma «má surpresa», reforçou um representante da "troika" em Lisboa, para quem deve estudar-se melhor o impacto dos números da Madeira no défice do país.
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O porta-voz comunitário, que falava à agência EFE, entende que deverão ser feitas novas análises de modo a avaliar o impacto total dos números apontados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Banco de Portugal na economia nacional antes de serem aplicadas novas medidas de equilíbrio orçamental.
Desde quinta-feira que representantes europeus e do Fundo Monetário Internacional (que compõem a "troika") estão reunidos em Lisboa para acompanhar os desenvolvimentos das medidas estabelecidas no âmbito do memorando de entendimento.
Já na sexta-feira, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, tinha afirmado que o Eurostat foi informado da existência de omissões nas contas da Madeira, que classificou com uma «surpresa que não é, de todo, bem-vinda».
O INE e o Banco de Portugal divulgaram na sexta-feira uma nota onde informam que nas últimas semanas receberam dados que dão conta de encargos assumidos pela Administração Regional da Madeira que não foram pagos e não foram reportados às duas entidades que apuram as contas nacionais portuguesas.
A irregularidade, considerada grave pelas duas entidades e pelo Ministério das Finanças, vai obrigar à revisão dos défices de 2008 a 2010, para incluir no défice orçamental português 1.113,3 milhões de euros só nestes três anos, a maior parte (915,3 milhões de euros) a incluir em 2010.
O impacto estimado no défice de 2008 é de 139,7 milhões de euros (0,08 por cento do PIB), de 58,3 milhões de euros (0,03 por cento) em 2009 e de 915,3 milhões de euros (0,53 por cento) em 2010.