A partir desta quarta-feira, os técnicos do FMI e da União Europeia vão avaliar, pela terceira vez, a forma como está a ser aplicado o programa externo de ajuda financeira.
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Os homens da troika franzem o sobrolho às dívidas em atraso do Estado e esse deverá ser um dos principais factores em análise pelo FMI e companhia.
O Governo deverá responder a esses anseios com a lei de compromissos, que impede os organismos públicos de assumirem despesas para as quais não tenham uma previsão de receitas equivalente.
No tema das dívidas, as dos hospitais-empresa assumem especial relevância. São cerca de 2200 milhões de euros em atraso.
O Governo já assumiu a intenção de pagar pelo menos uma parte desse valor recorrendo às receitas das transferências dos fundos de pensões da banca: 1500 milhões é o montante que tem sido referido.
Se o executivo convencer a troika que os atrasos nos pagamentos não vão repetir-se, é possível que o FMI permita que o agravamento do défice resultante destas dívidas não seja considerado para efeitos das metas do programa.
Outra área na mira da troika é a das reformas estruturais, incluindo as mudanças no mercado laboral, na justiça e no arrendamento urbano no que diz respeito ao financiamento do sector mpresarial do estado, os peritos vão querer conhecer o ponto de situação da reestruturação das empresas públicas e dos cortes nos custos dessas entidades.
Com uma dívida acumulada de 17 mil milhões de euros e juros de 590 milhões por ano, a troika exige alterações profundas no sector, de forma a que os bancos nacionais, por passarem a financiar menos o Estado, possam conceder mais crédito aos privados.
Com a tragédia grega em pano de fundo nesta análise às contas nacionais, os técnicos vão tentar perceber se, ao mesmo tempo que a austeridade aperta, os cintos do Estado, das empresas e dos cidadãos estão ou não a ser lançadas as bases para o crescimento económico. Algo que não acontece na Grécia.
O resgate da Madeira, no valor 1500 milhões de euros, também não deverá escapar à lupa da troika.