A meta da redução de gases de efeito de estufa está a 30% do objetivo. Se nada for feito nos próximos treze anos o impacto das alterações climáticas não vai passar ao lado do planeta.
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De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), que foi divulgado esta terça-feira em Genebra, em vez do limite de 2 graus, pedidos pela comunidade científica e estabelecidos no acordo de Paris, as temperaturas podem subir até 3,3 graus Celsius.
A nível global para se atingir a meta de 2 graus de aumento da temperatura, as emissões deveriam situar-se nos 42 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) mas a meta hoje divulgada pela agência das Nações Unidas para o ambiente aponta para 55 mil milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, no ano 2030. É já daqui a 13 anos. Para se ter uma ideia, isto representa 55 vezes todas as emissões anuais do sector dos transportes na Europa.
As ações prometidas pelos países que estão dentro do acordo de Paris cobrem apenas 1/3 das emissões necessárias para que a temperatura não suba mais do que 2 graus.
Assim, a conclusão geral desta avaliação é que "os compromissos de redução dos gases de efeito de estufa estão longe do nível de ambição necessário para que se atinja o objetivo" do acordo de Paris. Um acordo de onde, há cinco meses, saíram os Estados Unidos, mas para o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o ambiente, Erik Solheim, "as empresas americanas estão a compensar a falta de Trump".
É deste modo, à falta de empenho político, que as Nações Unidas se viram para o mundo empresarial. Mas os Estados têm que dar o seu contributo e Erik Solheim apela, por isso, a uma maior justiça fiscal ambiental e "ao fim das ajudas estatais à produção de energia a partir dos combustíveis fosseis".
O programa das Nações Unidas para o ambiente lembra que o sector das renováveis já emprega oito milhões de trabalhadores e na China e nos Estados Unidos o setor já emprega mais pessoas do que no petróleo e no gás.
Por fim a ONU conclui que para se atingir a meta do acordo de Paris existe uma necessidade urgente de acelerar ações de mitigação de curto prazo nos próximos três anos.
"Uma avaliação sistemática da mitigação por sectores mostra que as opções apresentadas mostram que o fosso pode ser fechado antes do ano 2030, adotando tecnologias já conhecidas e rentáveis, muitas vezes simplesmente adotando exemplos das melhores práticas já implementadas em contextos nacionais mais inovadores", pode ler-se no relatório.
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Este relatório do braço ambiental das Nações Unidas surge uma semana antes de começar em Bona mais uma cimeira global das alterações climáticas que junta os decisores políticos, dois anos depois do acordo de Paris e cinco meses depois do Presidente Donald Trump ter rasgado a participação dos Estados Unidos deste compromisso climático.