Vera Eiró, presidente da entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, espera que o indicador de Água Segura continue nos 99%
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A partir do próximo ano, vai ser obrigatório fazer análises para detetar a presença de químicos eternos na água de consumo humano. No Dia Nacional da Água, a presidente da entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), Vera Eiró, revela à TSF que, mesmo com o aumento da bateria de análises em 2026, espera que o indicador de Água Segura continue nos 99%.
Vera Eiró adianta que tem de se "continuar a trabalhar diariamente para que, em 2025, se mantenha este indicador e nos anos seguintes também". "É um indicador que nos dá confiança, que mostra o trabalho que tem sido feito no setor e que dá confiança ao consumidor, mas é um indicador que não para aqui. Temos sempre de trabalhar constantemente para manter este indicador.”
O relatório publicado esta quarta-feira sublinha que “o indicador Água Segura em Portugal continental situou-se em 2024 no valor de 98,86% (98,77% em 2023), confirmando a tendência pelo décimo ano consecutivo da manutenção deste indicador no valor de 99%, ou seja, de excelência na qualidade da água para consumo humano”.
Para a ERSAR, “analisando a série histórica alargada, verifica-se que o setor do abastecimento público de água em Portugal continental mantém a evolução muito positiva nos níveis da qualidade da água fornecida na torneira dos consumidores, podendo assegurar-se que 99% da água controlada é de boa qualidade (Água Segura), quando em 1993 este indicador se cifrava apenas nos 50%”, demonstra o relatório.
E é neste patamar dos 99% de Água Segura que a presidente da ERSAR quer estar, apesar de, em 2026, as Substâncias Perfluoroalquílicas e Polifluoroalquílicas (PFAS), que são uma grande família de produtos químicos sintéticos usados em produtos de consumo, como as frigideiras antiaderentes, poderem infiltrar-se na água.
Para Vera Eiró, em 2026, “aumenta o risco de haver algum tipo de incumprimento, porque, no fundo, são controlados mais parâmetros e é mais exigente o controlo".
"Nós também, de 2023 para 2024, tivemos um aumento da exigência de controlo e até antecipávamos que poderíamos ter resultados piores agora, em 2024, do que aqueles que temos por causa dessa exigência de controlo e a verdade é que não tivemos. O acompanhamento que tem sido feito e o trabalho que tem sido feito pelas entidades gestoras tem, de alguma forma, respondido a estas exigências adicionais”, acrescenta.
A água do Chafariz
A qualidade da água de consumo humano em Portugal só não é melhor devido à existência de abastecimento feito por fontanários.
Um relatório revela a existência de 166 chafarizes, sobretudo em aldeias norte do país, que são a única origem da água canalizada para 8760 habitantes.
Pode ler-se no documento da ERSAR que, “no ano de 2024, foram controlados 166 fontanários que são origem única de água destinada ao consumo humano, verificando-se, em comparação com o ano anterior, uma redução de seis fontanários de origem única”.