(Velho) Governo traz "agudizar" de incógnitas com novo Ministério: "Que a reforma do Estado não seja despedir pessoas"
No Fórum TSF, assumem-se preocupações e colocam-se expetativas ao Executivo de Montenegro: municípios não querem ser chutados para canto, empresas esperam "desburocratização" e administradores hospitalares pedem "melhores carreiras, salários e condições de trabalho" para os profissionais de saúde
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É já esta quinta-feira que o (praticamente) novo Governo de Luís Montenegro assume funções, menos de 20 dias depois das eleições. Uma das novidades é a criação do Ministério da Reforma do Estado, entregue a Gonçalo Matias. A pergunta impõe-se: o que fará esta tutela? No Fórum TSF, a antiga ministra da Presidência e da Modernização Administrativa do Governo de Costa, Maria Manuel Leitão Marques, mostra ter um receio que conta que não se concretize: "Espero, é claro, que a Reforma do Estado não seja deixar serviços públicos e despedir pessoas, desde o SNS à escola pública ou às lojas de cidadão."
Admite, contudo, que se trabalhe na "desconcentração e melhor distribuição no país" de algumas atividades, questionando: "Por que é que o Instituto da Vinha e do Vinho está na Avenida da Liberdade? Não há lá muitas vinhas ao lado, que eu tenha visto."
Também sobre aquele ministério, Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, teme "o agudizar do enfraquecimento" do Estado e lembra que há medidas governamentais, nomeadamente as que preveem cooperações com o sector privado, que podem levar aí.
O novo Governo vai ter também um super Ministério que junta Economia e Coesão Territorial. Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal, considera que é preciso dar o benefício da dúvida ao ministro Castro Almeida, sendo a "desburocratização" e a "eficiência" as palavras-chave para o "sucesso". A burocracia, afirma ainda, é "o imposto oculto que custa imenso dinheiro às empresas e cria muita instabilidade e uma relação de desconfiança entre o Estado e os agentes económicos".
O presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, também vice-presidente da Associação Nacional de Municípios, Álvaro Araújo, ainda desconhece as competências deste super Ministério, nomeadamente se vai incluir as autarquias. Em caso afirmativo, há "sérias preocupações" que essa decisão prejudique o poder local.
Mais recursos humanos e Inteligência Artificial: os desafios à Saúde
Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, lembra que a Saúde tem problemas graves que levam tempo a resolver. Quer conhecer a "visão" e as propostas concretas do Executivo para o sector, particularmente no que aos "recursos humanos" diz respeito e o que pretende fazer "para melhorar as carreiras, os salários e as condições de trabalho".
Ontem [na quarta-feira], saiu um estudo que nos dizia que precisamos de 14 mil profissionais para acabar com as horas extras e as prestações de serviço. Portanto, como é que o Ministério da Saúde prevê no futuro captar estas pessoas que nos fazem falta? Qual é o modelo da organização e de governação da Saúde em Portugal? A direção-executiva, as ULS, como é que isto vai evoluir?
É também necessário olhar para o futuro e "investir em áreas que podem fazer a diferença", como o caso da "inteligência artificial, sistemas informatizados de apoio à decisão médica que ajudem no diagnóstico, na triagem de doentes e na gestão dos hospitais". E salvaguarda que estas áreas "também precisam de recursos humanos qualificados".

