O Tribunal de Contas revela que o processo de alienação das seguradoras da Caixa Geral de Depósitos foi "eficaz a curto prazo" mas a operação "não se revela vantajosa para o interesse público" no médio prazo.
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Na auditoria à alienação de seguradoras do Grupo Caixa, o Tribunal de Contas detetou "deficiências no processo de alienação" das seguradoras do Grupo Caixa, Fidelidade, Multicare e Cares (atual Fidelidade Assistência), considerando que a operação "foi eficaz no curto prazo" mas não se revelou "eficiente, nem vantajosa para o interesse público no médio prazo".
No relatório enviado às redações, a auditoria revela que as "deficiências verificadas no processo de alienação das participações sociais das três seguradoras do Grupo Caixa constituem reservas importantes e suscitam a crítica do Tribunal de Contas".
Em causa está a "garantia de independência na avaliação das seguradoras", mas também são evidenciados "a indefinição do caderno de encargos, o défice de fundamentação para a escolha da modalidade de venda e a existência de alterações dos critérios de avaliação na fase de apreciação das propostas vinculativas".
Apesar de ser considerada uma "operação eficaz a curto prazo" por ter atingido os "objetivos fixados para o Grupo Caixa", inclusive no reforço dos rácios de capital e na concentração na intermediação financeira, o Tribunal de Contas refere que, "no médio prazo, a opção não se revela vantajosa para o interesse público".
A operação realizada em 2014 espoletou "lucros de 752 milhões de euros de 2015 a 2017" e houve uma "valorização importante dos seus ativos imobiliários" mas, apesar disso, "a necessidade de recapitalizar o Grupo Caixa permaneceu até 2017, ano em que se injetou capital no valor de 4.444 milhões de euros".
"O Tribunal de Contas conclui igualmente que o processo não foi eficiente, por ter sido realizado em contexto e oportunidade adversos à maximização do seu resultado, sem estar suportado por uma avaliação de custo e benefício, em consequência de decisão do Estado (o acionista do Grupo Caixa) motivada por compromissos internacionais", pode ler-se no comunicado.
O relatório completo pode ser lido aqui .