O Banco de Portugal vai esperar até ao fim do ano ou início do próximo para lançar um novo concurso e a venda pode ser parcial. O ministro da Economia considera que é a decisão mais acertada. O Novo Banco não comenta.
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Em comunicado, o Banco de Portugal (BdP) esclarece que o Conselho de Administração "optou por interromper o processo de venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco, iniciado em 2014, e concluir o procedimento em curso sem aceitar qualquer das três propostas vinculativas. O Conselho de Administração considera que os termos e as condições das três propostas vinculativas não são satisfatórios e que o processo foi condicionado por importantes fatores de incerteza".
Na nota publicada no site do BdP, é ainda adiantado que "a venda da participação acionista do Fundo de Resolução será retomada quando estiverem reunidas condições que melhor propiciem a obtenção de propostas mais condizentes com os objetivos fixados pelo Banco de Portugal".
O Banco de Portugal admite que o novo concurso possa ser lançado apenas no início do próximo ano. A TSF sabe que há novos grupos interessados em comprar o Novo Banco (que não estiveram no primeiro procedimento de venda) e outros grupos, que perderam a primeira corrida, já manifestaram interesse em voltar.
De acordo com fonte ligada ao processo, o Banco de Portugal acredita que o Novo Banco vale mais do que as propostas que recebeu dos dois grupos chineses - a Anbang e a Fosun - e que as incertezas que têm afetado a China e a Europa serão ultrapassadas.
Em relação ao modelo de venda, volta a estar tudo em aberto. No primeiro concurso, que agora falhou, estava em causa 100% do Novo Banco. Mas, no segundo concurso, o modelo pode ser alterado. O BdP vai aceitar ofertas para vender apenas parte do banco. As condições estarão definidas no novo plano estratégico.
O calendário ainda não está fechado mas, por lei, o Novo Banco tem de ser vendido em dois anos, ou seja, até agosto. O prazo até pode ser estendido num máximo de três anos, mas seria necessária uma justificação forte e autorização do Banco Central Europeu (BCE).
Em todo o caso, o novo concurso será sempre lançado depois dos testes de stress do BCE, que estão previstos para outubro ou novembro. Nessa altura o BdP fica a saber quanto dinheiro será necessário injetar no Novo Banco. Entretanto, podem ser vendidos alguns ativos. Se o Banco de Portugal não conseguir vender, haverá impacto no Orçamento de 2014.
O Ministro da Economia considera que é a decisão mais acertada. À TSF, Pires de Lima diz que confia na capacidade de decisão do Banco de Portugal e reafirma que "é preferível alienar essa instituição num tempo certo, pelo valor adequado, do que fazê-lo à pressa e com custos maiores para o sistema financeiro português".
No entanto, o Ministro da Economia lembra que é preciso garantir "condições de motivação e estabilidade" na administração do Novo Banco para que possa dar continuidade ao trabalho que tem sido feito.
Contactada pela TSF, a administração do Novo Banco não faz comentários.
Por sua vez, a Fosun continua empenhada em desenvolver e apoiar os investimentos já existentes no país, mas diz que vai apostar em novas oportunidades em Portugal. Em comunicado, o grupo chinês salienta que as perspectivas de crescimento e investimento são muito interessantes.
No documento, a Fosun diz ainda que compreende e aceita, sem reservas, a decisão do Banco de Portugal. Uma decisão orientada pela necessidade de redução da incerteza quanto às necessidades de capital do Banco.
O grupo chinês salienta ainda o elevado profissionalismo, transparência e rigor demonstrados pelas equipas do Banco de Portugal e do Novo Banco.
Notícia atualizada às 17:53 com as declarações do ministro da Economia e as reações do Novo Banco e da Fosum.