O antigo ministro do PS diz que há grandes riscos na proposta ontem revelada pelo Governo de plafonamento de descontos, podendo parte ser destinada a sistemas privados.
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Em declarações à TSF, José Vieira da Silva explica porque se opõe ao caminho anunciado pelo Governo, defendendo que o plafonamento vai representar uma redução imediata das receitas da Segurança Social e que os beneficios vão demorar décadas a serem notados.
«Apesar de todo o cuidado, que é voluntário, que é só algum valor, o efeito é sempre o mesmo: diminuir as receitas da Segurança Social para que no futuro, num futuro de longo prazo porque são jovens, o sistema beneficie porque pagaria pensões mais baixas. mesmo com a economia a crescer 2%, não sabendo quando, eu pergunto quem é que vai pagar durante esse tempo as pensões que têm de ser pagas já que os tais jovens podem não contribuir na mesma proporção para a Segurança Social. Essa resposta ninguém a dá», alerta.
Na apresentação do "guião para a reforma do Estado", na quarta-feira, Paulo Portas adiantou que a «reforma da Segurança Social pode admitir um plafonamento das contribuições e futuras pensões, mas segundo o modelo de adesão individual e voluntária com expressa manifestação vontade dos trabalhadores».
O antigo ministro socialista do Emprego e da Segurança Social considera ainda que a realidade atual «infelizmente tem pouco a ver com as visões mais ou menos otimistas que Paulo Portas colocou naquelas páginas que redigiu mais ou menos à pressa».
Essa realidade «tem a ver é com o debate [do Orçamento do Estado para 2014] que começa hoje na Assembleia da República. (...) Um orçamento que decreta um corte generalizado nos salários da função pública. Seria quase caricato se não fosse dramático para as pessoas que vão sofrer esse corte», concluiu.