Em entrevista à TSF, Vítor Bento afirma que o recente debate sobre a questão da dívida pública tem sido feito por vozes mal informadas e que não estudaram o problema.
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O economista, e conselheiro de Estado escolhido por Cavaco Silva, nunca se refere diretamente ao Manifesto dos 70, publicado na semana passada, nem aos signatários do texto, mas o alvo das críticas é claro.
Vítor Bento, comentando o recente debate sobre a questão da dívida pública, afirma que «a maior parte das pessoas que fala na praça pública não sabe daquilo que fala, não estudam. E, portanto, mandam palpites. Palpites que entretém o circo mediático, mas que não contam para nada, e não resolvem problema nenhum».
Este responsável defende que o país deve gastar «o esforço intelectual para descobrir o que deve fazer, e estudar os problemas», em vez de se limitar a «exigir aos outros que façam coisas por nós».
Nesta entrevista à TSF, Vítor Bento rejeita a ideia de que os limites impostos pelo Pacto Orçamental sejam inatingíveis, argumenta que em 20 anos muita coisa pode acontecer, e que se «nós partirmos para esse horizonte de 20 anos derrotados, vamos chegar derrotados ao fim». O presidente da SIBS afirma que o país tem de tentar transformar esse desafio em algo de positivo, e encontrar forma de «pôr a economia a crescer», para que o sacrifício seja menor.
Vítor Bento diz que a dívida pública não pode ser encarada como um factor de derrota à partida, e que ainda que seja mais difícil «correr com um saco às costas», é possível superar essas dificuldades.
O conselheiro de Estado fala ainda de Cristiano Ronaldo como um exemplo a seguir, afirmando que o capitão da selecção nacional «quando era miúdo, treinava livres directos com pesos nas pernas, ou seja, criava a adversidade a si próprio para se tornar mais competitivo».
Na semana em que Passos Coelho convidou António José Seguro, para uma conversa a dois que terminou em «divergência insanável», Vítor Bento afirma que um acordo entre os dois partidos não deve definir um programa de acção detalhado, e que «deve ser deixado espaço para a divergência política.
O economista afirma mesmo que «se fosse do partido A, ou do partido B, se calhar recusava-me a seguir apenas um único caminho, ou o caminho do meu adversário. Porque, se eu me comprometo a seguir o caminho do meu adversário, e se o meu adversário estiver no governo, então eu estou a dizer que não preciso de ir para lá, porque já lá está ele, que faz aquilo que eu prometo fazer».
A entrevista a Vítor Bento, na íntegra, passa na TSF depois das 20h.