O Banco de Portugal enviou a 29 de julho um ultimato ao Banco Espírito Santo, em que dava um prazo de 48 horas para a apresentação de um «plano de reestruturação para reforço de capital, avança a edição de hoje do Diário Económico.
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O jornal escreve que o Banco de Portugal (BdP) teve conhecimento dos prejuízos recorde do Banco Espírito Santo (BES) a 27 de julho, ou seja, três dias antes do anúncio oficial.
Dois dias depois, de acordo com a carta citada pelo Diário Económico, o BdP exigiu ao BES um plano de reestruturação para reforçar os capitais próprios. Uma carta em tom de ultimato que tinha uma prazo de apenas 48 horas - ou seja, até ao final do dia 31 de julho.
Na carta, o vice-governador Pedro Duarte Neves sublinha, com elevado grau de certeza, que o banco iria apresentar contas muito mais negativas do que o esperado. Tudo por causa do forte impacto do esquema de financiamento das empresas do Grupo Espírito Santo (GES).
Por isso, o BdP exigia que o BES avançasse com um plano que lhe permitisse voltar a ter capitais próprios. Um plano, escreve o vice-governador, que teria de ser credível, com recurso a verbas privadas e no montante necessário. Teria ainda de apresentar um calendário detalhado e dar as garantias que se exigiam.
Se assim não fosse, o BdP seria obrigado a ponderar medidas adicionais que salvaguardassem a estabilidade do sistema financeiro e a confiança dos depositantes.
O Jornal garante ainda que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não foi informada, nem pelo BdP nem pelo BES. Caso contrário, poderia ter suspendido a cotação das ações do BES no dia 29 de julho, dias em que as ações caíram 10%. Entre dia 28 e 1 de agosto, as ações do banco desvalorizaram 72%.
Contactado pela TSF, o BdP confirma a carta mas não adianta mais informação.